Três casos de microcefalia foram confirmados em Mato Grosso, de acordo com o informe epidemiológico do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, da Secretaria de Estado de Saúde (SES), nesta quinta-feira (10.03). Outros 123 casos suspeitos continuam em investigação no estado e 52 foram descartados. Ao todo, 178 casos suspeitos de microcefalia foram notificados, distribuídos em 28 municípios.
Dos casos confirmados, um é do município de Cuiabá e teve a confirmação por critério clínico-laboratorial, com diagnóstico específico e conclusivo para zika. A amostra foi coletada da placenta, durante o período gestacional, após a mãe apresentar sinais e sintomas do zika vírus. Os outros dois casos são do município de Sorriso e foram confirmados por critério clínico-radiológico, apresentando alterações típicas no resultado dos exames de imagens e sinais clínicos observados durante avaliação médica.
Para o descarte dos casos foram realizadas reavaliações, em consulta médica, do perímetro cefálico junto à curva de desenvolvimento infantil da Organização Mundial da Saúde (OMS), constatando que o mesmo estava dentro da normalidade e sem alterações do sistema nervoso central (SNC). Dos casos suspeitos notificados, um total de 52 (29,3%) já foram investigados e classificados como descartados para microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivas de infecção congênita.
Em relação ao número de mortes, Mato Grosso tem o registro de cinco casos que evoluíram para óbito após o parto ou durante a gestação. Os casos são nos municípios de Cuiabá (02), Guarantã do Norte (01) e Mirassol d’Oeste (02). Todos estão em investigação, aguardando o resultado de exames para classificação dos casos.
A coordenadora de Vigilância Epidemiológica, Flávia Guimarães, explica que a área técnica da SES utiliza as definições vigentes no Protocolo do Ministério da Saúde para confirmação ou descarte dos casos suspeitos. “Em Mato Grosso todos os casos suspeitos de microcefalia e outras alterações do sistema nervoso, sugestivas de infecção congênita são investigados conforme o preconizado pelo Ministério da Saúde que considera um caso confirmado após análise clinico radiológico e/ou laboratorial”.
De acordo com o Protocolo, a investigação da causa da microcefalia é realizada somente nos casos notificados que apresentem características clínicas e/ou laboratoriais sugestivas de infecção congênita, visando a identificação da infecção pelo vírus zika entre outros agentes infecciosos.
O documento traz também orientações como a definição de casos suspeitos de microcefalia durante a gestação, caso suspeito durante o parto ou após o nascimento, critérios para exclusão de casos suspeitos, sistema de notificação e investigação laboratorial. Além disso, há orientações sobre como deve ser feita a investigação epidemiológica dos casos suspeitos e sobre o monitoramento e análise dos dados.
Para Flávia é importante que municípios mantenham a rede sensível para o diagnóstico e realizem a investigação conforme o Protocolo de Vigilância, além de intensificarem o acompanhamento dos casos suspeitos pela atenção à saúde. “A microcefalia é de notificação compulsória, mas temos muitos casos que passaram despercebidos pelas unidades de saúde. Por isso está sendo feita uma busca ativa em todos os municípios para identificarmos casos e assim podermos oferecer atendimento adequado para essas crianças”, destaca.
Alteração do perímetro cefálico
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (09.03) que mudou, seguindo recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), o critério para considerar bebês com microcefalia. A medida do perímetro cefálico em recém-nascidos passa de 32 cm para 31,9 cm em meninos e 31,5 cm em meninas. Em dezembro, o parâmetro para diagnóstico da doença já havia diminuído, passando de 33 cm para 32 cm. As alterações têm como objetivo padronizar as referências para todos os países, valendo para bebês nascidos com 37 ou mais semanas de gestação.
Com a redução da medida do perímetro cefálico, o Ministério da Saúde espera diagnosticar com mais precisão os casos de microcefalia, caracterizada pela má formação do cérebro dos fetos e recém-nascidos. A medida é feita na cabeça, logo acima dos olhos, e varia conforme a idade gestacional do bebê. Segundo o Ministério da Saúde, para a população brasileira, 33 centímetros é considerado normal.
A Secretaria de Estado de Saúde continuará analisando todos os casos suspeitos de microcefalia relatados até agora, mas a partir desta semana os bebês que nascerem com crânios igual ou superior a 32 cm não serão mais notificados como suspeitas de microcefalia. A área técnica da SES irá encaminhar o Novo Protocolo de Vigilância aos Escritórios Regionais de Saúde (ERS) a fim de que todos os profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) passem a adotar a nova medida.
As diretrizes e protocolos de vigilância relacionados a microcefalia, dengue, zika e chikungunya estão disponível para acesso no site da Secretaria de Estado de Saúde. (Com assessoria)