Nadar os 50 metros de uma píscina olímpica no Rio torna-se tarefa simples quando comparada a uma travessia, a nado, dos quilômetros que separam a Turquia da Grécia. Este último foi o desafio já cumprido por Yusra Mardini, uma jovem nadadora síria, de 18 anos, que escapou da guerra civil em seu país. Já a primeira missão ainda está no radar de Mardini, integrante de uma lista elaborada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para formar um time de refugiados nas Olimpíadas de 2016.
Em entrevista ao jornal inglês “The Guardian”, Mardini, uma das principais promessas da natação na Síria, lembra como o confronto envolvendo Estado Islâmico e tropas do governo de Bashar al Assad forçou sua saída do país.
— Nossa casa foi destruída. Nós ficamos sem nada — resume a nadadora. — É bastante difícil deixar sua terra natal. Mas não sou apenas eu passando por isso, e sim muitas pessoas no meu país, então as coisas ficam mais fáceis — completa.
Mardini fugiu de Damasco, na Síria, com sua irmã Sarah, em agosto de 2015. Passou pelo Líbano e depois chegou à Turquia, de onde as irmãs tentaram rumar em um barco inflável, com outras 20 pessoas, para a ilha de Lebos, que pertence à Grécia. Quando a embarcação começou a afundar, devido às condições do mar, Yusra e Sarah pularam na água, numa tentativa de fazer o barco flutuar novamente.
— Foi horrível. Seria muito ruim se não ajudássemos as pessoas que estavam conosco, até porque muitas não sabiam nadar. Eu passei a odiar o mar depois daquilo. Foi uma experiência horrível — lembra Yusra.
Depois de chegar à Grécia, a nadadora viajou pela Europa Oriental até chegar à Alemanha, onde vive atualmente.
Yusra vinha treinando de olho nas Olimpíadas de Tóquio, em 2020, mas a criação de um time de refugiados para a Rio-2016 e sua inclusão na lista de 43 possíveis membros — o COI escolherá de cinco a dez atletas — fazem a jovem síria vislumbrar um futuro muito melhor do que poderia acreditar há menos de um ano.