"> Entrevista preocupante – CanalMT
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Entrevista preocupante

Jornal de circulação nacional trouxe uma entrevista com o cientista político italiano, professor na Universidade de Pisa, Alberto Vannuci, sobre a Operação Mãos Limpas.

Ou aquela enorme ação de combate à corrupção na Itália na década de 1990. Vannuci foi o inspirador do juiz Sergio Moro com um artigo publicado sobre o assunto em 2004. A coluna faz um resumo da entrevista dele. É preocupante o que diz.

Afirma que a Operação Mãos Limpas teve ‘sucesso parcial’ na repressão aos crimes cometidos pela classe politica e econômica italiana, mas foi um enorme fracasso na renovação da politica na Itália. Que não houve melhora na transparência na prestação de contas.

Mostra que medidas criadas pelos partidos depois da Operação aumentaram a imunidade da classe politica ao criarem obstáculos novos para as investigações. Que apareceram maneiras novas para se ter uma corrupção mais difícil de ser detectada.

Ele a chama de ‘corrupção 2.0’. Se a sociedade brasileira não ficar atenta a classe política nacional vai criar meios mais sofisticados de corrupção e mais difícil de ser descobertos.

Diz o professor italiano que o apoio popular contra a corrupção lá durou pouco tempo. Talvez a maior causa para esse afastar da população sobre o assunto é que se detectou que existia uma cultura de corrupção naquela sociedade. Todos praticam algum tipo de ato ilícito.

E quando se percebeu que a questão da corrupção deveria passar da elite política para a maior parte da população do país, porque fazia parte da cultura local, o assunto foi esmaecendo. Não parece um país grandão abaixo da linha do equador?

A mídia deu enorme cobertura sobre o combate à corrupção, mas os processos judicias foram lentos demais e crimes prescreviam. A mídia foi se afastando por causa dessa demora judicial.

Apenas 25% dos milhares de investigados foram punidos. Esta é a média de condenação na Itália para crimes comuns. Menos de 2% dos condenados tiveram pena em regime fechado.

Os dois partidos mais tradicionais na política italiana, o Socialista e o Democrata Cristão, praticamente desapareceram. Um empresário, Silvio Berlusconi, percebeu o vazio deixado pela Operação Mãos Limpas, criou um partido, se apresentou como novo e ganhou todas.

Os eleitores italianos viam o político antigo como ladrão. O novo, honesto. Não foi bem assim. O próprio Berlusconi foi condenado por corrupção e fraude fiscal mais tarde.

Percebeu o tamanho da encrenca? Apareceram leis novas para continuar a corrupção de forma mais sofisticada.

A cultura da corrupção entranhada na maior parta da sociedade com pequenos delitos e atos não éticos não foi modificada. Houve pouca punição aos implicados na Operação Mãos Limpas.

No vácuo deixado pelos antigos partidos apareceram novos atores também corruptos. Ou a tal corrupção 2.0. O professor italiano deu uma aula para que o Brasil siga outro rumo.

ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.

www.alfredomenezes.com.br

 


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