O juiz da Comarca de Matupá (696 km de Cuiabá) encaminhou um ofício ao Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), pedindo a escolta do ex-governador Silval Barbosa no dia 18 de abril, quando ele deve retornar à cidade como testemunha de defesa no júri popular de Mario Nicolau Schorr, réu no caso conhecido como “Chacina de Matupá”.
De acordo com as informações públicas no andamento processual do caso junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o ex-governador, que se encontra preso desde o ano passado no CCC, teve a intimação expedida em fevereiro.
Silval deve retornar à cidade onde começou sua carreira política algemado, escoltado pela polícia e com a imagem desgastada após se tornar réu nos casos de corrupção enquanto esteve à frente do Governo do Estado. O ofício com o pedido de escolta foi feito no último dia 03.
Essa não é a primeira vez que Silval é arrolado como testemunha de defesa, no entanto, acabou não comparecendo. Agora, a situação é diferente e só faltará caso o CCC alegue não ter condições estruturais da escolta ou em caso de enfermidade da testemunha.
Desta vez, o tribunal do júri recebe apenas Mario na condição de réu, e o julgamento está marcado para começar às 9h. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE), ele já havia sido condenado pela morte de duas, das três vítimas citadas no caso.
Porém, o juiz decidiu por uma nova sessão. “Visto que condenado pela morte de duas vítimas e absolvido da morte da terceira, sem que existisse qualquer tese exculpante quanto à conduta a ele atribuída, que teria se voltado contra os três mortos e não de forma individualizada com relação a cada um, não há outra medida senão designar nova sessão do tribunal do júri”, diz trecho da decisão.
Em novembro de 1990, Ivanir Garcia dos Santos, Arci Garcia dos Santos e Osvaldo José Bachmann, invadiram a casa de um garimpeiro e fizeram algumas pessoas de refém por mais de seis horas. O trio queria ouro e dinheiro.
Eles se entregaram após a negociação, e mesmo ao lado da polícia, a população começou um linchamento público e em seguida, foram queimados vivos. Toda a ação foi filmada por um cinegrafista amador e ganhou repercussão internacional. As imagens estão disponíveis na internet.
Na época do crime, Silval morava na cidade e atuava como empresário. A vida política começou três anos depois, quando em 1993 foi eleito pela primeira vez como prefeito da cidade. Foi reeleito em 1998, mas dessa vez como deputado estadual, cargo que ocupou até 2006.
Antes de assumir como governador do Estado, foi vice-governador na gestão do atual senador Blairo Maggi.