Em depoimento à juíza Selma Rosane Arrida, titular da sétima Vara Criminal de Cuiabá, nesta quinta-feira (15), o ex-deputado estadual José Geraldo Riva (sem partido) chora e confessa ter participado de um esquema de propina, liderado pelo deputado Romoaldo Júnior (PMDB), que teria desviado aproximadamente de R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa. “Quero contribuir com as investigações e acabar com as distorções. Os valores já estavam fechados porque o Romoaldo e o advogado Joaquim Mieli já tinham definido tudo. Eu sabia que os 45% do valor eram propina”, revelou Riva.
O depoimento do ex-presidente da Assembleia Legislativa faz parte da fase de instrução referente à ação penal oriunda da Operação Ventríloquo, deflagrada em julho de 2015 pelo Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco).
Além de acusar o deputado Romoaldo de liderar o esquema de desvio de dinheiro do Legislativo, Riva disse que os deputados Mauro Savi (PR), Dilmar Dal Bosco (DEM) e a ex-deputada Luciene Bezerra (PSB) foram beneficiados com o dinheiro desviado.
“Empresas estavam no esquema para repassar valores para alguns deputados. Assessores do Mauro Savi articularam um repasse de quase R$ 900 mil em nome dele. Também tenho uma anotação que em 25 de fevereiro foi passado um valor para a empresa Fama que era para Luciane Bezerra. O valor era de R$ 52 mil”, afirmou Riva.
Ao entregar o esquema de corrupção, Riva se comprometeu a devolver R$ 700 mil do dinheiro desviado aos cofres públicos. Diante dos fatos revelados pelo ex-deputado, a Juíza Selma Arruda marcou um novo interrogatório para o dia 20 de maio.
Operação Ventríloquo – O esquema foi descoberto após a denúncia do HSBC Seguros Brasil S/A, que foi encaminhada ao procurador-geral de Justiça Paulo Prado. Conforme a denúncia, o HSBC tinha um crédito de R$ 11 milhões com a Assembleia, referente a custeio de plano de saúde e previdência dos servidores. Mesmo com o resultado favorável na Justiça, a seguradora não conseguiu receber a quantia dos cofres públicos. Diante disso, o advogado do HSBC, Joaquim Fábio Mielli Camargo, firmou um acordo para receber R$ 9,032 milhões, mas não repassou o montante ao banco. O dinheiro teria sido supostamente dividido entre os deputados e o advogado.