O voto favorável ao impeachment do deputado federal Carlos Bezerra e o contra de Valtenir Pereira, ambos do PMDB, teria sido jogo combinado para manter seus apadrinhados em cargos no governo Federal. A manobra foi revelada pela jornalista Cristina Lobo, em comentário no programa Estúdio I no canal fechado Globonews, nesta segunda-feira.
De acordo com a Cristiana Lobo, Valtenir e Bezerra combinaram pedir os mesmos cargos para o vice-presidente Michel Temer (PMDB), caso ele assuma o Palácio do Planalto, e para presidente Dilma Rousseff (PT). A estratégia era garanti o espaço com ou sem Dilma na presidência. “O presidencialismo de coalisão é fato. Chegamos ao extremo e eu ainda não consegui descobrir o cargo, mas dois deputados de Mato Grosso, Carlos Bezerra e Valtenir Pereira, iriam pedir o mesmo cargo para o governo e Michel Temer. Quem tivesse um aceno iria receber o voto e outro votava noutra situação”, disse a jornalista da Globo.
Os cargos que Cristiana Logo desconhece são principalmente a Sudeco e Embratur. Na primeira, a indicação é de Valtenir, que colocou seu aliado Cleber Avilá no comando da superintendência que movimenta milhões em projetos para o Centro-Oeste. Já Embratur, Bezerra indicou seu afilhado Totó Parente. Ele tomou posso no cargo na semana passada. Além de Totó, a mulher do presidente do PMDB de Mato Grosso, Teté Bezerra (PMDB) também ocupa um cargo de segundo escalão no Ministério do Turismo.
Ainda em seu comentário na Globo News, Lobo demonstrou indignação com a postura dos dois parlamentares. “Aconteceu que Valtenir Pereira votou com o governo e Carlos Bezerra votou com Temer. Olha que ponto chegamos! Achei essa história muito exemplar com o que vem acontecendo com o presidencialismo de coalizão”.
O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff foi aprovado com folga na Câmara Federal, no último domingo (17). Trezentos e sessenta e sete deputados votaram favoráveis a saída de Dilma da presidência e 137 contra. Dos oitos da bancada de Mato Grosso, apenas dois votaram com o governo – Valtenir Pereira e Ságuas Moraes (PT).