Avançou o processo de impeachment. A Câmara Federal, decidiu a respeito, e optou-se pela admissibilidade. Foram 367 votos favoráveis e 137 contrários, 7 abstenções e 2 ausentes.
O papel, agora, é do Senado, que vai julgar, caso aceite o pedido.
A tarefa se torna muito, mas muitíssimo mais difícil para a presidente Dilma Rousseff, até por lhe faltar a argumentação devida para se defender de cada uma das acusações que cai sobre suas costas, e o poder de barganha e de negociação do Lula da Silva diminuiu consideravelmente.
Foi exatamente isto que se viu quando o processo era discutido pelos deputados federais, com o palácio do Jaburu se dando melhor do que o palácio Alvorada, na troca de cargos e benefícios a fim de conquistarem votos. Daí o resultado registrado, e já previsto.
Prevaleceu, aqui, uma vez mais a incompetência da presidente Dilma, e de quem negociava em seu nome. Embora se saiba que o Lula da Silva possa lucra-se lá na frente, pós-impeachment, com o seu velho e surrado discurso de vítima.
Por outro lado, ainda que tenha votado em peso a favor do impeachment, o PSDB teve uma atuação de coadjuvante. Diferentemente do DEM do Ronaldo Caiado, do PPS de Roberto Freire e do Solidariedade do Paulinho da Força.
Estas forças se associaram a movimentos de direita, a exemplo do de jovens e do de empresários. Movimentos que defendem o processo em razão da falta de crescimento da economia, da alta da inflação e do crescente desemprego.
Nenhum governante, claro, pode ter o seu mandato cassado em razão da crise econômica. Mas, não se tem dúvida de que a dita crise contribuiu bastante com o cenário a favor do impeachment, uma vez que provocou a queda de confiança popular.
Esta queda pode ser identificada na diminuição da aprovação do Governo Dilma. De 42% dos eleitores que julgaram seu governo bom e ótimo, em dezembro de 2014, caíram para 23% em fevereiro de 2015, e para 13% em março, segundo o Datafolha.
Houve momento em que este índice chegou a 10%, e até um pouquinho abaixo disso.
A presidente perdia o apoio popular. O que favoreceu sobremaneira ao impeachment, com a grande e decisiva participação do presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha.
Falta, agora, o julgamento do Senado. Julgamento que não será imediato, pois requer a criação de uma comissão de 21 senadores, e, a partir da aprovação do relatório desta, a aceitação do plenário da Casa, com no mínimo 41 votos. Abrindo espaço para a defesa do governo.
Voltando à Câmara Federal. Há um ponto negativo a ser analisado. Ponto negativo identificado por meio de notas e de falas dos deputados federais. Estes, quase em sua totalidade, não leram o pedido de impeachment.
Por isso, claro, não conhecem seu conteúdo, e fugiram da discussão propriamente dita.
Existem exceções, e entre estas o deputado por São Paulo, Carlos Sampaio.
Talvez o único deputado-tucano que, de fato, leu e conhece todo o conteúdo do documento apresentado à Câmara Federal, por Hélio Bicudo, Janaina e Miguel R. Júnior. Exceção não é a regra.
É isto.
LOUREMBERGUE ALVES é professor universitário e analista político em Cuiabá.
lou.alves@uol.com.br