Impressionam os números do crescimento econômico de Mato Grosso nas últimas três décadas. O motor foi o agronegócio. E vai continuar crescendo.
A produção de grãos deve saltar de 45 milhões de toneladas para 85 milhões em 2025. Algodão iria de 2.4 milhões de toneladas para 3.8 milhões. Produção de carne passaria de dois milhões de toneladas para três milhões.
O Estado caminha ainda para ser grande produtor de peixe em cativeiro, de aves e suínos.
Poderão ser acrescidos, aos atuais nove milhões de hectares para grãos e fibras, mais oito milhões novos. Isso sem derrubar nenhuma árvore, usando terras degradadas e de pastagens.
A perspectiva mundial de compradores também anima o setor. A Índia cresce sua classe média, também a China. E neste país agora a família pode ter mais de um filho.
O PIB de MT beira 90 bilhões de reais e a renda per capita chega perto de 30 mil reais.
Mas é preciso dizer que essa renda toda, com exceção de alguns lugares, não chegou lá na ponta. Há uma enorme concentração de renda no estado.
Não se mede mais a vida de um povo só com números do PIB ou renda per capita. Um PIB grande distribuído por três milhões de habitantes dá até uma renda per capita razoável. Existem outros meios para ver se aquele povo tem ou não distribuição de renda.
O IDH de MT 0,725, como exemplo, é o pior do Centro-Oeste e até mais baixo da média nacional, que é 0.727.
Mato Grosso do Sul não chega nem perto de MT em produção econômica no campo. Lá, porém, tem um IDH um pouco melhor que aqui.
Outro indicador, o Coeficiente de Gini, aquele que mede a desigualdade de um povo e lugar, mostra outra vez MT como o mais desigual do Centro Oeste.
Quarenta e oito municípios em MT tem boas pontuações em índice de Gini e IDH. A maior parte, nem tanto.
Em palavras mais diretas: o Estado cresceu economicamente, mas a renda não está sendo distribuída.
Mais números dessa desigualdade? Mais de 70% da população do Estado recebe até dois salários mínimos. Têm mais de 180 mil famílias que recebem o Bolsa Família.
Uma das maneiras para melhorar a renda da população seria a industrialização.
Como é possível um estado que é o maior produtor de algodão do país não ter fábrica de tecidos? Ter a maior quantidade de couro de gado e não se tem fábricas de sapatos ou bolsas?
Mostra o Porto Seco em Cuiabá que cada dia mais diminui a entrada de máquinas para fábricas no estado.
Sem indústrias, o Estado continua a ser, como no passado, exportador de bens primários. Uma luz pequena no horizonte seria a ZPE em Cáceres.
A China, que compra mais de 60% dos grãos do Estado, está investindo e comprando terras na África. Se passar a comprar mais de lá, o baque em MT seria imensurável.
ALFREDO DA MOTA MENEZES é historiador e analista político em Cuiabá.
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