Em depoimento à juíza Selma Rosane de Arruda, titular da Sétima Vara Criminal, na tarde desta quinta-feira (23), o ex-deputado José Riva (sem partido) disse que o deputado Romoaldo Júnior (PMDB) teria recebido R$ 1,5 milhão do dinheiro desviado da Assembleia Legislativa. Riva, que responde como réu na ação criminal que investiga o desvio de R$ 9,4 milhões da Casa de Leis, ainda citou os deputados Guilherme Maluf (PSDB), Gilmar Fabris (PSD) e a deputada Luciane Bezerra (PSB) como beneficiários do esquema de corrupção comandados por Romoaldo e pelo deputado Mauro Savi (PSB).
Segundo Riva, os deputados teriam recebido através de ‘laranjas’ como o secretário do Legislativo, Odenil Rodrigues, o dinheiro desviado. Segundo a magistrada, Odenil disse que apenas teria emprestado a conta por temer ser demitido e que sem saber o destino do dinheiro teria sacado o montante e repassado ao também servidor Márcio Pommot.
Enfático, o ex-deputado entregou à magistrada uma lista de valores que o advogado Joaquim Mieli, delator do processo, teria pago a várias pessoas e empresas, que seriam os laranjas.
Riva declarou que ele recebeu R$ 806 mil e que usou o dinheiro para pagar dívidas. Ele ainda ressaltou que sempre foi muito comum os deputados receberem dinheiro através das contas bancárias de assessores para pagar dívidas.
Segundo Riva o dinheiro do esquema teria sido dividido em 18 cheques, mas que é preciso pedir a microfilmagem para relacionar todos os envolvidos.
À magistrada, Riva ainda sugeriu uma acareação com o delator da Operação Ventríloquo, o advogado Joaquim Mieli, que segundo ele, queria que a Assembleia pagasse o Banco HSBC para ‘tirar vantagem’.
Operação Ventríloquo
A ação criminal é decorrente da operação Ventríloquo, deflagrada em julho do ano passado pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de combate ao Crime Organizado), que investiga o desvio de R$ 9,4 milhões da Assembleia Legislativa por meio de um pagamento ao Banco Bamerindus (atual HSBC), no ano de 2014.
Mielli era advogado do banco Bamerindus (atual HSBC) na época em que houve o esquema de desvio de dinheiro público no pagamento de uma dívida de R$ 5 milhões da ALMT com o banco. Após realizar acordo e receber o dinheiro da Assembleia, Mielli não teria repassado o dinheiro para o banco.