Existe um pressão cada vez maior, uma orquestração aparentemente dissimulada para limitar, impedir e obstruir as ações da Operação Lava Jato.
Em curso, projetos tentando o impedimento da delação premiada, sem a qual, não teríamos certamente esta quantidade cada vez maior de políticos e empresários envolvidos na corrupção e saque do setor público. Existem 7 projetos tramitando na Câmara Federal, e um no Senado.
É muito grande a pressão dos políticos para esfriar as investigações, que têm como referência e alvo principal o Juiz Sergio Moro. Por enquanto são 36 senadores e 56 deputados envolvidos nas investigações.
São bombas detonando em compassos, colocando os últimos governos e o governo provisório em alto risco com os desvios e corrupção sendo colocados á descoberto. Governos e aliados ameaçados.
Cunha, enfim desapiado, tem o rabo preso de muita gente, munição para colocar mais intensamente o Congresso em ‘ polvorosa‘.
Delações que estão em fase de homologação, são verdadeiros petardos potenciais, com o Congresso em frangalhos, na síndrome do medo das prisões que pairam sobre as cabeças dos mandatários e operadores do Planalto e Congresso Nacional. O medo é geral, senão, verdadeiro pânico.
O projeto das 10 medidas anticorrupção do MPF, e da iniciativa popular, veio andando em passos muito lentos, agora retirado do regime de urgência. Juiz do STF ( Celso de Melo) contraria decisão da Corte, negando prisão após condenação em segunda instância.
Ação notadamente pró impunidade. O texto sobre abuso de autoridade avança no Senado, com intuito real de atingir a escalada das investigações.
O Deputado André Moura ( PSC-CE), apesar do travamento da proposta das 10 medidas contra a corrupção, retirou urgência de três propostas que aguardam desde 20/05.
São eles: – Tipificar crimes de enriquecimento ilícito para funcionários públicos; indisponibilidade de bens de funcionários públicos envolvidos em corrupção, punição de partidos por desvio e desmandos nas prestações de conta.
As 10 medidas contra a corrupção chegaram a Câmera em março, até hoje a Comissão não está completa.
Renan Calheiros desengavetou projeto de abuso de autoridade mofando no senado desde 2009, tentando levar urgente para a votação.Mesma estratégia da Câmara, tentar obstruir as investigações, sob argumentos que tentam disfarçar a realidade.
Este Senador é investigado em 11 projetos no STF. Existe até um projeto que prevê pena de prisão e multa para Delegados, Promotores, Juízes e Ministros dos Tribunais Superiores que efetuem prisões tidas como ilegais (?).
Com a proximidade das eleições, está esvaindo o sistema corrupto de financiamento eleitoral, nos moldes que vinha sendo feita.
Será eliminada a corrupção? Certamente que não, está sendo atacada focalmente com severidade. Já engendram outras formas de desvio para financiar mandatos, a começar pelo Caixa 2.
As eleições municipais ocorrerão nos municípios em zona obscura, frente ao profundo desgaste da classe politica.
Por enquanto, é bom jogar na esperança, cantada por Gonzaguinha: ‘Eu acredito na rapaziada/ Que segue em frente e segura o rojão/ Eu ponho Fé é na fé da moçada/ Que não foge da fera enfrentando o leão/ Eu vou a luta com essa juventude/ Que não corre da raia a troco de nada/ Eu vou no bloco dessa mocidade/ Que não tá na saudade e constrói/ Á manhã desejada‘.
Existem ventos soprando contra os turbilhões da desfaçatez política. A sociedade precisa apoiar incondicionalmente a Operação Lava Jato e pressionar para uma mudança na política e nos rumos do nosso país.
WALDIR BERTÚLIO é professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
waldir.bertulio@bol.com.br