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Bem-vindos ao terror

Mato Grosso foi surpreendido, na mídia nacional e mundial, por ter dois de seus filhos envolvidos num suposto plano de atentado terrorista que seria perpetrado nas Olimpíadas, no Rio de Janeiro.

Fala-se, e o próprio ministro da Justiça confirmou em entrevista, que os 10 cidadãos presos são “amadores”, debutantes nesse tipo de crime.

Mas, amadores também matam e jogam bombas. Muitas reflexões podem ser feitas: por exemplo, não seriam eles, os chamados “lobos solitários”, possíveis “homens-bombas”?

A ocorrência vertiginosa, nos quatro cantos do mundo, de ataques e ameaças de ataques atribuídos a terroristas mergulha o Ocidente na histeria e na paralisia, diante da absoluta imprevisibilidade de previsão dessas ações.

França, EUA, até na Polônia, onde ocorrerá nesta semana, a Jornada Mundial da Juventude, com a presença do Papa Francisco, teve a prisão de um suposto terrorista iraquiano, com material explosivo.

Na Segunda Guerra Mundial, tivemos os kamikazes- pilotos suicidas japoneses, que jogavam seus aviões, carregados de bombas sobre os navios inimigos. Uma causa justa, sem dúvida.

No Oriente Médio, temos os “homens bombas”- e até, mulheres e crianças bombas; lobos solitários que invadem trens, ônibus e mercados e começam a atirar, detonar explosivos ou esfaquear pessoas.

Não há segurança ou proteção em lugar nenhum. Até um padre foi degolado nesta terça-feira (26/07) numa Igreja na França, por militantes do Estado Islâmico, segundo o noticiário.

O Brasil vinha tratando o assunto com aparente pouca importância, julgando que nós estamos imunes a esse tipo de ataque; até o surgimento desse grupo de “amadores”.

As motivações são várias e indicadas por profissionais da área: radicalismo religioso/político; ideologias políticas totalmente incompatíveis com o mundo moderno; doença mental; patologias diversas.

Relatório divulgado recentemente pelo Serviço Europeu de Polícia (Europol) aponta que os “lobos solitários”, na verdade, sofrem de problemas emocionais, que podem se agravar por aspectos ideológicos ou religiosos, o que os torna capazes de cometer esses crimes e de se suicidar.

O relatório destaca que, apesar de o Estado Islâmico ter reivindicado os recentes ataques em Orlando, Nice e Alemanha, nenhum dos quatro atentados foram planejados pelo grupo, nem apoiados. (G1- 18/07).

Geralmente, os terroristas são mortos ou se suicidam, o que dificulta a constatação do verdadeiro vínculo com esse grupo terrorista.

O citado relatório mostra que as ações individuais e suicidas que têm se multiplicado no mundo são impulsionadas muito mais por uma combinação explosiva de desequilíbrio emocional mesclada com a influência nociva de motivos ideológicos e religiosos.

A psiquiatria, por outro lado, destaca que o suicídio está invariavelmente ligado a doenças mentais, dentre as quais é possível destacar a depressão e distúrbios mentais diversos.

A Academia Nacional de Medicina, recentemente, enfatizou que o suicídio é, além de um problema mental, um problema social, pouco abordado tanto na sociedade quanto no curso médico de forma geral.

Ainda se apontam como causas, o estado mundial de desesperança e desemprego, que atinge a todos, independente de raça, cor ou situação cultural.

Jovens, principalmente, sem perspectivas de vida profissional ou até social, são presa fácil do chamamento de grupos extremistas. São os mais recrutados por esses grupos.

O pai de um dos jovens presos no Rio Grande do Sul ponderou: “Alguém falou com ele e ele respondeu e disse: “eu vou ‘apoiar’. Não tinha como apoiar ninguém. Não tem dinheiro, não tem armamento. É um guri que não sabe nada, que não conhece nada do mundo, nunca saiu fora do Estado.”

Os atos e ataques terroristas, segundo alguns estudiosos, tiveram início no século I d.C., quando um grupo de judeus radicais, chamados de sicários (homens de punhal), atacava cidadãos judeus e não judeus que eram considerados a favor do domínio romano.

Outros indícios que confirmam as origens remotas do terrorismo são os registros da existência de uma seita muçulmana no final do século XI d.C., que se dedicou a exterminar seus inimigos no Oriente Médio. Dessa seita teria surgido a origem da palavra assassino.

O terrorismo moderno tem sua origem no século XIX no contexto europeu, quando grupos anarquistas viam no Estado seu principal inimigo.

A principal ação terrorista naquele período visava à luta armada para constituição de uma sociedade sem Estado – para isso, os anarquistas tinham como principal alvo algum chefe de estado e não seus cidadãos.

Porém, foi no século XX que houve uma expansão dos grupos que optaram pelo terrorismo como forma de luta, como os separatistas bascos na Espanha, os curdos na Turquia e Iraque, os mulçumanos na Caxemira e as organizações paramilitares racistas de extrema direita nos EUA.

É importante refletir sobre o terror como prática e o ‘discurso” sobre o terror. Este, muitas vezes, é usado como arma política para consolidar ditaduras ou regimes fortes, com a divulgação de ataques por “inimigos externos”, que servem apenas, para esconder a situação interna do país.

O terrorismo representa grave ameaça à segurança global.

O Brasil, embora não seja alvo específico da ação de grupos terroristas- (“vamos rezar”, como disse o ministro Serra) -, não está livre da ocorrência de atentados terroristas em seu território ou dos efeitos sociais, políticos e econômicos de atentados em outros países.

As autoridades da área de inteligência e Segurança Pública dizem “que as preocupações com o terrorismo no território brasileiro, no entanto, não se restringem à atuação de organizações terroristas formal ou publicamente estabelecidas

Também envolvem ameaças provenientes de potenciais atos de violência com motivação política, religiosa, ideológica e étnica que apresentem propósito de geração de pânico, terror e sensação de insegurança na sociedade brasileira”.(.http://www.abin.gov.br/atuacao/fontes-de-ameacas/terrorismo/).

Pois é, prezado/a leitor/a, o assunto agora está no nosso quintal. Vamos começar a pensar nele e conhecer formas de combatê-lo. As principais, creio, sejam manter ética e moralidade nos nossos relacionamentos e o cultivo de valores familiares sadios.

AUREMÁCIO CARVALHO é advogado e ex-ouvidor geral de Polícia de Mato Grosso.


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