O presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (1º), ao ser questionado pelo G1, que pretende ler no plenário nesta quarta-feira (3) ou na terça-feira da próxima semana o relatório que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Só após a leitura do documento, depois de duas sessões, é possível realizar a votação para decidir sobre a perda do mandato.
Em 19 de julho, logo que começou o “recesso branco”, Maia informou que o processo de Cunha deveria ser levado ao plenário na segunda semana de agosto. Partidos que fazem oposição a Temer e adversários de Cunha temem que, caso a leitura do parecer fique para a semana que vem, a votação sobre a cassação seja adiada para setembro, após o julgamento final do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
“Ele [Cunha] já teve um ano e meio para se defender. Deixaremos Cunha sambando [se adiarmos a leitura do parecer]. O Centrão e Temer querem deixar isso para depois do impeachment pelo medo de que ele abra a boca antes”, afirmou o líder do PSOL, Ivan Valente (SP), em referência a eventuais ameaças e acusações que Cunha possa fazer contra apoiadores de Temer.
A preocupação com um possível adiamento da cassação de Cunha é agravada devido às votações previstas para ocorrer no plenário na semana que vem, como a de proposta que desobriga a Petrobras a participar de todos os campos do pré-sal.
O Conselho de Ética da Câmara aprovou, em junho, parecer que pede a cassação do mandato de Cunha. No processo, o peemedebista é acusado de quebra de decoro parlamentar por manter contas secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas em depoimento à CPI da Petrobras no ano passado. Cunha nega as acusações e diz que o processo na Câmara tem “nulidades gritantes”.
Cunha chegou a recorrer da decisão do conselho na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, pedindo para que a votação que aprovou o parecer fosse refeita. No entanto, no último dia 14, a CCJ rejeitou anular a votação, e o processo seguiu para o plenário da Câmara.