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Os pais e os filhos felizes

Nos asilos para idosos, estão cheios de exemplos de pais órfãos de filhos, faça uma visita lá e veja quantos velhinhos estão abandonados, e sua visita aos asilos ao invés de lhe trazer paz, lhe trará revolta pela falta de respeito aos idosos. É triste a realidade desses velhinhos carentes de tudo.

Vá lá e logo você começará a fazer uma reflexão sobre o real entendimento da dor e o vazio daqueles corpos sem forças e quase sem almas, verá que esses pais sem filhos têm as suas esperanças perdidas em algum lugar no passado e seu futuro foi transformado na expectativa do fim, e que hoje estão a esmolar um pouco de carinho ou de uma palavra amiga.

Durante toda a nossa vida procuramos ser justos com os nossos filhos, não sendo caridosos demais e nem mesquinhos ao ponto de sermos indiferentes com os seus sofrimentos e necessidades. Temos que ajudar sem prejudicar as suas iniciativas de lutar pelo seu futuro. Mas, a principal ajuda além da atenção, é procurar financiar e acompanhar durante a formação educacional, procurando sempre passar os valores morais e todos os dias mostrar a realidade do mundo. Ficamos sempre naquela indecisão de quando ajudar, como ajudar ou mesmo se ajudar.

O pior ensinamento que passamos aos nossos filhos é deixá-los ficar refém das nossas dependências. Quando tudo é muito fácil em nossa vida nos tornamos pessoas fracas, inseguras, se na primeira dificuldade imediatamente o filho recebe o auxílio, você está retirando dele o poder e as condições para sua superação, ou mesmo, tirando poder de lutar para conquistar algo durante a sua vida.

Todos os filhos devem estar preparados para receber heranças somente pós-morte dos pais, porque a expectativa de recebimento de herança em vida é prejudicial a ambos. Pois, o patrimônio formado faz parte da reserva que os pais têm para enfrentar o seus últimos dias de vida de dificuldade. Mas, diante da cobrança sistemática dos filhos, o idoso fica entre a linha divisória do sentimento de não desfazer do que tem, pois se desfazer das suas reservas fará com que as garantias de uma velhice tranquila desapareçam. A luta por herança em vida, já levou o filho a matar pai e pai a matar filho.

O pai deve ter em mente que o filho trabalhador e empreendedor não precisa de heranças, pois com o seu talento saberá acumular riquezas, mas por outro lado, o filho sonhador e folgado, gastará todo dinheiro que passar pelas suas mãos. Mesmo que as condições dos pais sejam das melhores, o recomendável é sempre nos esforçarmos para não dar tudo de imediato aos filhos. O sabor da dificuldade o fará valorizar as conquistas. Já por outro lado, a facilidade desvaloriza o prazer da conquista, mesmo que o objeto tenha valor monetário fora dos padrões normais, esse valor desaparece imediatamente.

A gratuidade, sem o esforço tem o valor sentimental reduzido a zero, o bem material em pouco tempo ficará jogado em um canto da vida, isso está diretamente ligado as condições materiais e sentimentais, porque o valor da satisfação do bem que adquirimos é quantificado pelo esforço que desprendemos para recebê-lo.

Mas, a principal ajuda que devemos dar aos nossos filhos, é fazê-los sentir a nossa atenção, é fazê-los perceber que estamos ao seu lado durante o tempo todo, além disso, devemos olhar pela sua formação profissional, procurando financiar e acompanhar na formação educacional, e sempre passar os valores morais e no dia-a-dia mostrar a realidade do mundo, buscando dar uma formação de independência, fazendo com que o filho possa saber lutar em todas as situações que a vida um dia possa oferecer na abundância e na escassez.

Educar aos filhos para desenvolver a construção individualizada da sua independência é a maior ajuda e a maior herança que um filho possa receber de um pai.

Wilson Carlos Fuá é economista, especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas. Fale com o Autor: wilsonfua@gmail.com


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