De onde vem à coragem de um cidadão ao deixar sua família, a sua profissão, o seu sossego, a sua paz interior, para ser cobrado dia e noite por ter assumido a responsabilidade de administrar uma cidade com problemas históricos e seculares? Alguns dizem que é muito amor às causas públicas e outros até dizem que nasceram para cuidar de gente.
Um cidadão antes de ser candidato deveria ser mais exigente consigo e buscar entender a fundo sobre a gestão pública, procurando conhecer a situação financeira da Prefeitura, o comportamento da Receita e Despesa, tais como: qual o valor que se gasta com o custeio da máquina; o valor da folha de pagamento em relação ao que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF); o valor que se tem como sobra para realização de investimentos; ter conhecimento do valor da dívida contraída com os contratos de financiamentos e a qual a capacidade de endividamento do Município.
O candidato antes de contratar um marqueteiro deveria optar pela assessoria de um Economista que pudesse demostrar a real situação do município, através de gráficos e séries históricas, compilando dados reais das várias administrações anteriores, de forma a não repetir erros de planejamentos financeiros e projetos de execução na Prefeitura, pois só diante dos números reais é que se poderia elaborar um Plano de Governo e redefinir a melhor forma de planejamento de gastos públicos de forma a minimiza-los e obter melhores resultados.
Com base no comportamento anual da receita e despesa municipal é que se torna possível planejar as grandes obras ou a melhoria da qualidade de vida do povo, propondo a promoção das grandes ações, reformas e não vendendo sonhos, alimentando fantasias, criando expectativas mágicas de transformação da cidade com o intuito único de ganhar a qualquer preço uma eleição municipal, esse candidato pode ser considerado um vendedor de sonhos, para não dizer um inconsequente.
Todos esses candidatos com perfil de “Pai Sabe Tudo” ou “Salvador da Pátria”, que aparecem em todas as eleições, alguns até folclóricos, apresentam Planos de Governo, irreais, enganosos, e que em algumas situações chegam a raia do ridículo, com propostas fantasiosas, para seduzir emocionalmente os cidadãos. Mas, após um mês da posse, o Prefeito eleito, aquele candidato que vendia sonhos durante a campanha, se transforma visivelmente num Prefeito Chorão.
E, na sequência dos dias, a imprensa é chamada para noticiar as reformas administrativas e “enxugamento da máquina”, com exonerações de centenas de funcionários e proibição do famoso “cafezinho”. E, para se sobressair e eximir de possível contaminação com a gestão anterior, dispara todo tipo de difamação sobre os antecessores, diz que irá promove uma devassa nas contas públicas e que estará instaurando as mais duras investigações em todos os níveis de ações da gestão que o antecedeu, talvez para ganhar prazo e tempo para realmente obter o conhecimento da realidade financeira do município, tentado frear a máquina pública e acomodar os parceiros de campanha.
Ainda para completar e justificar os terríveis enganos praticados, usa com regularidade a clássica frase: ” SE EU SOUBESSE QUE A PREFEITURA ESTAVA ASSIM, NÃO TERIA ME CANDIDATADO” O país está cheio de Prefeitos Chorões, mas muito não querem largar o osso, e ainda tem muitos deles, com a coragem de partir para uma reeleição.
Que encanto é esse, que leva um cidadão a assumir uma candidatura para administrar um município falido? Cabe ao eleitor agora escolher o menos “chorão”, pois eleger um prefeito para reclamar e ficar choramingando pelos cantos, não tem sentido, pois é no município que vive a comunidade carente de tudo, é na cidade que estão às desigualdades sociais e onde vivem as pessoas que necessitam do amparo legal para suprir as suas necessidades e carências, que se manifestam em todas as áreas e segmentos sociais: educação; saúde e transporte público, dentre outras.
Entendemos que o correto seria transformar as propagandas enganosas dos horários eleitorais em crime de responsabilidade, e que o programa de governo municipal fosse registrado junto ao Tribunal de Contas onde o não cumprimento de todos os itens propostos, pudessem legalmente, punir os demagogos, qualificando-os definitivamente como inábil para gerir recursos públicos ou caracterizando-os como um “anti-cidadão”, e por fim, quem sabe, punindo-os com a inelegibilidade perpétua.
Wilson Carlos Fuá é economista e Especialista em Recursos Humanos e Relações Sociais e Políticas. Fale com o Autor: wilsonfua@gmail.com