O presidente Michel Temer disse nesta sexta-feira que a decisão do Senado Federal de preservar os direitos políticos da ex-presidente Dilma Rousseff após cassar o mandado da petista em julgamento de impeachment é um “pequeno” embaraço, mas minimizou a importância do fato para a estabilidade do governo.
“Eu estou acostumado a isso. Há mais de 34 anos que eu estou na vida pública e acompanho permanentemente esses pequenos embaraços, que logo são superados”, disse Temer a jornalistas, durante viagem à China para participar de uma reunião de cúpula do G20.
“Eu sempre disse que desde o começo eu aguardo respeitosamente a decisão do Senado Federal. Se o Senado tomou essa decisão, certo ou errado, não importa, o Senado tomou a decisão”, acrescentou durante um encontro empresarial em Xangai, em sua primeira viagem internacional desde que assumiu a Presidência da República.
Temer assumiu o cargo em definitivo na quarta-feira logo depois que o Senado decidiu cassar o mandato de Dilma por crime de responsabilidade, mas os senadores surpreenderam ao manter os direitos políticos da petista apesar do impeachment.
Partidos da base aliada de Temer, como PSDB e DEM, decidiram recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar o fatiamento da votação do impeachment que permitiu essa separação.
Logo depois da polêmica votação, integrantes dos partidos demonstraram publicamente seu descontentamento tanto com o fatiamento quanto com a postura de senadores do PMDB, o partido de Temer, que apesar de condenarem a ex-presidente não a inabilitaram para assumir cargos públicos.
Apesar da divisão na base aliada, Temer minimizou eventuais impactos na estabilidade de seu governo. “Ontem mesmo antes de sair [do Brasil] eu falei com os companheiros do PMDB, do PSDB, do DEM, e essa questão toda será superada, não tenho a menor dificuldade em relação a isso”, afirmou.
Segundo o presidente, a questão agora sairá do plano político para ser decidida pela Justiça, “o que convém para as instituições brasileiras”, afirmo Temer.