Exigem-se pré-requisitos para que uma pessoa se torne candidato a um cargo eletivo. Um deles, claro, é a de que a interessada esteja filiada a um partido (o de pelo menos seis meses antes da eleição).
É preciso também que ela tenha o seu nome aprovado em convenção partidária, bem como ‘saiba ler e escrever‘. Não necessariamente ter diploma universitário, ou tenha terminado o ensino fundamental ou concluído o ensino médio. Nem deveria cobrar tais exigências.
Até porque o nível de escolaridade não conta como votos na urna. Mas seria muito bom, obviamente, se a imensa maioria dos candidatos trouxesse na bagagem o diploma do ensino superior.
Pois, assim, em tese, teria maiores facilidades com o texto escrito, melhor jeito na condução de seus pleitos e no expressar seus pontos de vistas a respeito dos mais variados temas. Embora se saiba que uma porção de gente com diploma escolar – superior ou não – apresenta dificuldades com a linguagem oral e escrita.
Isto é um quadro bastante triste. Quadro provocado pela insensatez dos governantes, pela falta de visibilidade de referências e referenciais no campo da escolaridade e do saber, e igualmente pela transformação da escola unicamente em um lugar lazer, e não em um ambiente onde a leitura fosse à exigência primeira do seu cotidiano.
Sem leitura, no real sentido deste termo (não restrita ao texto escrito, até porque ler vai além), o alunato encontra dificuldades em todas as disciplinas escolares, não apenas em matemática, como pode levar a alguém a deduzir quando se depara com os dados oficiais divulgados.
Recentemente, aliás, uma vez mais, de acordo com os dados do IDEB, a escola brasileira apresentou resultados insatisfatórios com relação ao aprendizado dos alunos.
O que reforça a ideia de que a educação escolar precisa urgentemente deixar de ser tão somente um repertório dos discursos em época de campanha eleitoral, e ser, de fato, uma primeiríssima prioridade.
Até porque sem educação não há aumento de produtividade, e sem produtividade não haverá crescimento. Não qualquer crescimento. Mas, isto sim,o crescimento necessário para o atingimento do desenvolvimento. Este depende daquele, mas, definitivamente, não é, nem deveria ser entendido ou considerado como seu sinônimo.
O retrato que se tem é bastante preocupante. E o reflexo dele se apresenta igualmente no quadro de candidatos a prefeito e a vereador neste ano.
Tanto que apenas 21% deles possuem diplomas de curso superior; 4,4% iniciaram, mas não concluíram a faculdade; 37,4% possuem ensino médio; 37,1% não chegaram a concluir o ensino médio; 13,6% têm o diploma do ensino fundamental; 15,5% disseram não ter concluído o ensino fundamental; e 3% apenas dizem saber ler e escrever.
Quadro também preocupante. Bem mais quando se depara que 51% dos candidatos a prefeito possuem curso superior, e entre os candidatos a vereador, apenas 19% deles terminaram uma faculdade.
Situação complicadíssima. Capaz de deixar em xeque-mate os discursos oficiais, assim como também todas as publicidades governamentais. É isto.
Lourembergue Alves é professor universitário e articulista.