A pressão familiar aliada a observância nos autos que poderá ser punido severamente pelo Judiciário levou o ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf, a “abrir a boca”, e confessar detalhadamente sua participação em atos ilícitos durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB). É o que revelou o advogado William Khalil, responsável pela defesa do ex-secretário.
“Houve um sentimento de arrependimento e culpa e também uma pressão familiar muito forte para que pudesse colaborar com a Justiça”, revelou.
Ao mesmo tempo, o advogado ressaltou que se trata de uma estratégia jurídica, pois embora não tenha firmado termo de colaboração premiada com a Justiça, Nadaf optou pela confissão, o que significa se comprometer a falar a verdade em juízo e, ao mesmo tempo, se dispor a ressarcir os cofres públicos estaduais em relação aos valores que recebeu como propina seja em dinheiro ou com a entrega de algum bem vinculado ao seu patrimônio.
“Onde houver participação efetiva, o Nadaf vai colaborar. Onde não houver, será feita sua defesa. Logicamente, a confissão é uma questão de estratégia também para garantir as benesses que a legislação oferece”.
Na ação penal relacionada a primeira fase da Operação Seven conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), os crimes atribuídos são de organização criminosa, lavagem de dinheiro, peculato e corrupção passiva. As penas quando acumuladas ultrapassam 50 anos.
Ainda são réus o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), o ex-secretário de Estado, Marcel de Cursi, o ex-presidente do Intermat (Instituto de Terras de Mato Grosso), Afonso Dalberto, o ex-secretário adjunto de administração, José Nunes Cordeiro, o procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Fiho, o Chico Lima, o ex-secretário de Planejamento Arnaldo Alves, o empresário Filinto Correa da Costa e os servidores públicos Wilson Taques, Francisval Akerlei da Costa e Cláudio Takaiuki Shida.
De acordo com as investigações, o esquema teve início quando da solicitação feita ao estado para a aquisição de uma área de terra rural que seria acrescida ao Parque Estadual Águas do Cuiabá.
O processo tramitou por vários órgãos públicos estaduais – como as secretarias estaduais de Meio Ambiente (Sema) e Administração (extinta na gestão atual), Casa Civil e no Intermat –, onde foi avaliado tecnicamente por agentes públicos. Ao final da tramitação do processo, foi realizado o pagamento da área, apontado como indevido pelo Gaeco, uma vez que as terras já pertenciam ao estado.