Após ser transferido do Rio de Janeiro para Cuiabá devido a necessidade de cumprir um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça na quarta fase da Operação Sodoma da Polícia Civil, o procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, o Chico Lima, foi internado na manhã de segunda-feira em hospital particular de Cuiabá. De acordo com o advogado João Cunha, a enfermagem do Centro de Custódia de Cuiabá (CCC), local onde ele está detido desde a última sexta-feira, constatou algumas fibrulações no corpo do procurador e determinou que ele passasse por exames.
João Cunha explicou que o quadro de saúde de Chico Lima pode se avançar para situações mais graves, como Acidente Vascular Cerebral, ou até mesmo, um infarto do miocárdio.
“Ontem, ele esteve queixando de dores, mas hoje pela manhã a enfermagem do Centro de Custódia constatou que ele sofria fibrulações fortes, e como essas fibrulações são muito perigosas porque podem induzir a Acidente Vascular Cerebral e até mesmo infarto do miocárdio, ele foi pela própria direção do Centro de Custódia levado até uma unidade hospitalar e lá se encontra internado fazendo os exames”.
O advogado explicou que o procurador aposentado está ainda está sendo submetido a tratamento com medicações intravenosa. Por conta disso, ele não deve retornar ao Centro de Custódia nos próximos dias. “O quadro dele é estável, muito embora inspire risco, porque podem conduzir a este tipo de transtorno, um AVC ou infarto”, frisou.
O procurador era aguardado nesta segunda-feira para prestar depoimento referente a “Operação Seven”, em que é acusado de participar de um esquema que desviou R$ 7 milhões por meio de desapropriação fraudulenta de uma área no Lago do Manso. O depoimento deve ser remarcado pela juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Arruda.
“Francisco Lima tem 63 anos de idade, é diabético tem este problema coronariano e deve ser redesignado pela juíza a nova data pela sua oitiva. Ele virá e fará suas considerações sem o menor constrangimento”.
ACUSAÇÃO
João Cunha também disse que as acusações contra seu cliente não são verdadeiras. Segundo ele, a compra da área por parte do Governo do Estado foi lícita e justificada. “Ele é acusado de ter atendido um favor que lhe fizeram a Filinto Correa da Costa, seu cunhado, para que se manifestasse diante do Governo do Estado a respeita da desapropriação da área. A compra da área é um fato lícito, a área existe já foi comprovado e poderia ser vendida, não havia sobre ela nenhum embaraço. Transita nessa área a nascente do córrego Cuiabá da Larga, que dá origem ao nome Cuiabá”, colocou.
Ele disse ainda que as provas colhidas no processo isentam o procurador de participação numa eventual fraude. “Não há no processo nenhuma prova de que ele tenha se favorecido pessoalmente nisso, muito pelo contrário. Tanto é que não se diz no processo que ele tenha recebido valores, ele não transitou valores, não ocultou valores. O depoimento do doutor Filinto Correa da Costa esclareceu que ele insistiu para que Francisco o auxiliasse nisso”.
Além da “Operação Seven”, Chico Lima ainda é acusado de participar de outros esquemas durante a gestão de Silval Barbosa. Ele é réu em duas ações decorrentes de duas fases da Operação Sodoma e, na última semana, teve a prisão preventiva decretada na “Operação Sodoma 4”. Ele é acusado de se beneficiar de propina paga na desapropriação da área que corresponde ao bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.