O provedor de e-mails Yahoo monitorou as mensagens de seus milhões de usuários americanos no ano passado, para buscar por informações a pedido de oficiais de inteligência dos Estados Unidos, apontou reportagem da agência Reuters. A empresa precisou desenvolver um software personalizado para cumprir com a demanda, que pode ter sido feito pelo FBI (a polícia federal americana) ou pela Agência Nacional de Segurança (NSA), segundo ex-funcionários da empresa.
Não se sabe quais informações os serviços de inteligência procuravam nos e-mails, apenas que pediram para o Yahoo buscar por um grupo específico de caracteres. Isso pode significar uma frase no corpo das mensagens, ou até dentro de anexos, explicaram as fontes anônimas à Reuters. A reportagem não conseguiu determinar se o Yahoo chegou a entregar dados aos oficiais, porém, funcionários garantiram que as contas dos usuários chegaram a ser monitoradas.
Especialistas de vigilância afirmam que esse é o primeiro caso conhecido em que uma empresa de internet dos Estados Unidos concordou com a demanda de vigiar todas as mensagens recebidas por seus usuários. A decisão do Yahoo de não contestar o pedido causou alvoroço entre alguns membros da companhia e fez com que o então diretor de segurança de informação, Alex Stamos, pedisse para deixar o cargo no ano passado. Na época, pelo menos mais um funcionário de segurança pediu demissão por preocupações éticas, disse a fonte anônima.
Segundo relatos, a diretora executiva do Yahoo, Marissa Mayer, procurou diretamente os desenvolveres de software da empresa para criar o programa necessário para o monitoramento. A medida pode ter causado um erro de programação que deixou todas as contas de e-mails do Yahoo vulneráveis a hackers, comentou um funcionário.
Em resposta a denúncia da Reuters, a empresa afirmou apenas que o “Yahoo é uma companhia cumpridora de leis, que segue a legislação dos Estados Unidos”. De acordo com emendas de 2008 ao Ato de Vigilância de Inteligência Estrangeira, as agências de inteligência podem pedir dados de clientes a empresas de internet e telefonia por uma série de motivos, incluindo a prevenção de ataques terroristas.