Os candidatos a prefeito de Cuiabá Wilson Santos (PSDB) e Emanuel Pinheiro (PMDB) participaram na manhã desta terça-feira (18) de um debate na rádio CBN com o intuito de apresentar propostas ao eleitorado cuiabano.
Na fase inicial, no entanto, ambos partiram para o ataque político. O candidato Wilson Santos declarou que Emanuel Pinheiro recebe uma aposentadoria imoral de R$ 25 mil desde os seus 37 anos de idade enquanto a maioria dos brasileiros tem que completar até 65 anos para ter direito a uma aposentadoria com teto máximo de R$ 5 mil.
“O presidente Michel Temer, do seu mesmo partido o PMDB, trabalha para alterar as regras de aposentadoria dificultando ainda mais a vida dos brasileiros. Se eleito prefeito, o senhor vai continuar recebendo sua aposentadoria com o salário de prefeito?”, questionou.
Emanuel Pinheiro rebateu e disse que sempre agiu na legalidade e o benefício concedido pelo FAP (Fundo de Aposentadoria Parlamentar)também beneficia outros políticos. “O ex-prefeito Roberto França, o ex-governador Dante de Oliveira e o Luiz Soares, ex-secretário de saúde de sua gestão, também usufruem do mesmo benefício. Esses também são imorais ao senhor?”, rebateu.
O debate prosseguiu envolvendo ainda outros temas polêmicos como a concessionária de água e esgoto CAB Cuiabá, a participação do o ex-prefeito Chico Galindo (PTB) na campanha eleitoral e apoiadores envolvidos em casos de corrupção.
Emanuel Pinheiro ainda questionou Wilson Santos a respeito da administração do governador Pedro Taques (PSDB), que, segundo ele, disse que não pagaria a integralidade da Revisão Geral Anual (RGA) dos servidores públicos para não atrasar salários e, agora, prevê a possibilidade de atrasos na folha.
Líder do governo na Assembleia Legislativa enquanto deputado estadual, Wilson Santos acusou o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) de ser o responsável pela fragilidade das finanças públicas.
“As barbaridades que foram feitas com as finanças, a desonestidade nos incentivos fiscais, as operações da Polícia que levaram Silval para a cadeia, a forma perdulária e desonesta, deixaram Mato Grosso nessas condições. Toda essa dramaticidade tem nome: PMDB, Eder Moraes, José Riva, que estão com você, Emanuel Pinheiro”, disse.
Em seguida, Wilson Santos questionou Emanuel Pinheiro a respeito de qual seria o seu conceito de ética e recebeu como resposta que não é réu em improbidade administrativa como o tucano.
“É aquilo que pratico há 20 anos na vida pública. É não decepcionar o povo, não fazer da vida pública um benefício pessoal; é não abandonar a população para buscar projetos políticos; é ser ficha limpa e não responder processos por improbidade, não ter o nome envolvido em atos de corrupção ou desvio dos cofres públicos”,declarou.
O peemedebista foi duramente rebatido. “O deputado Emanuel responde por ação de improbidade junto com João Arcanjo Ribeiro e José Riva. Emanuel já colocou no bolso mais de R$ 4 milhões por conta de uma pensão obtida aos 30 anos”, rebateu.
A partir daí, o candidato Emanuel Pinheiro ironizou a condição de Wilson Santos que havia prometido nomear uma equipe técnica e ficha limpa enquanto responde a processos judiciais.
“O Wilson diz que vai dar posse a secretários ficha-limpa. Não deixa de ser curioso um prefeito ficha-suja dando posse a secretários ficha-limpa. Ele é quem responde por improbidade administrativa; ele é quem tem relação nebulosa com empresários do transporte; ele é quem responde por improbidade nas obras do Rodoanel. Não me leve para seu mundo, Wilson. Você é que entende de João Arcanjo, que da tribuna da Assembleia o elegeu o homem modelo de Mato Grosso”.
Na reta final do debate, foi questionada a participação do ex-prefeito Chico Galindo (PTB) na campanha de Emanuel Pinheiro.
O candidato Wilson Santos declarou que o PTB é um dos principais doares da campanha do peemedebista e questionou se existe algum “acordão” para manter a CAB em Cuiabá, empresa responsável pela administração do serviço de água e esgoto desde 2012 na gestão do petebista.
Emanuel Pinheiro rebateu e citou a proximidade de Chico Galindo com Wilson Santos, pois o petebista só assumiu a Prefeitura de Cuiabá em definitivo porque o tucano renunciou para concorrer ao governo do Estado em abril de 2010.
“Quem trouxe o Galindo para a política cuiabana foi você. Ele foi seu vice, financiador da sua campanha. Se a CAB existe aqui é por causa da sua parceria com ele, é por causa da Operação Pacenas, que deu prejuízo de R$ 300 milhões a Cuiabá. Você é o grande responsável por isso. Inclusive, em entrevista a um site, você disse que assume todos os erros e acertos de Galindo, que ia privatizar o saneamento e que concordava com o que ele fez. Você é o grande pai da CAB e do Galindo, responsável pelo retrocesso do saneamento. Os meus doadores são os partidos, não pessoa física”, disse Emanuel.
Em resposta, Wilson Santos pediu desculpas a população cuiabana. “Eu sempre assumi meus erros e admito que errei com o Galindo. Mas eu não tinha conhecimento dele, você conhece e sabe o que ele fez e mesmo assim o trouxe para ser seu articulador financeiro. Então, qual é o acordão entre vocês?”, questionou
Emanuel Pinheiro rebateu lendo trechos de um discurso de Wilson Santos que revelava sua afinidade com Chico Galindo. “Palavras de Wilson Santos: ‘Eu assumo todos os erros do Galindo. É claro que ele tem o estilo dele e eu o meu, mas nosso programa de governo é o mesmo. Eu concordo e tentei fazer a concessão do saneamento’. Palavras de Wilson, pai da CAB e do Galindo, que agora quer deserdar o filho”, completou.