A denúncia criminal formulada pela promotora de Justiça Ana Cristina Bardusco revela que dos R$ 15,857 milhões desviados dos cofres públicos relacionados ao pagamento da desapropriação do bairro Jardim Liberdade I, R$ 10 milhões foram destinados ao empresário Valdir Piran para quitação de uma dívida de R$ 40 milhões do ex-governador Silval Barbosa (PMDB).
Coube ao empresário Filinto Muller a responsabilidade pela lavagem do dinheiro na ordem de R$ 15,857 milhões. O mesmo entregou a Polícia Civil a relação de cheques que comprovam o pagamento dos R$ 10 milhões.
No dia 25 de abril de 2014, houve a emissão de sete cheques que totalizavam R$ 2,5 milhões. Houve dois cheques no valor de R$ 500 mil, dois cheques de R$ 300 mil e outros dois de R$ 250 mil. Consta ainda um cheque de R$ 400 mil.
No mesmo dia, o empresário Valdir Piran exigiu que fosse entregue um cheque caução no qual o ex-governador Silval Barbosa se comprometia a pagar o valor de R$ 7,5 milhões, valor remanescente da dívida.
“A exigência buscava comprometer o referido lavador do dinheiro no ajuste afirmado. Veja que Valdir Piran tinha ciência de que a propina seria paga de forma parcelada(…) A exigência foi atendida por meio da emissão e entrega do cheque nº 850089 contra a empresa SF Assessoria. O cheque, após o pagamento parcelado dos R$ 7,5 milhões, foi devolvido a Filinto que o destruiu”.
No total, houve 11 transferências no período de maio a dezembro de 2014 por meio de TEDs bancários, totalizando R$ 7,5 milhões. Essas transferências foram feitas para a empresa SPE Parque Residencial Beira Rio LTDA, SPE Centro Empresarial das Américas LTDA e SPE Jardim das Américas Empreendimento I com valores variáveis de R$ 50 mil a R$ 1,250 milhão.
Temendo revelações, o filho de Valdir Piran, Valdir Piran Júnior, abordou o filho de Pedro Nadaf no final de junho de 2016 numa academia em Cuiabá perguntando se o seu pai estaria negociando termo de colaboração premiada com a Justiça. Se estivesse, que viesse a não comentar nada a respeito da desapropriação do bairro Jardim Liberdade I.
Da mesma forma, o empresário Filinto Muller informou que recebeu uma mensagem via Whatsapp do empresário Valdir Piran logo após seu nome ser citado em delação premiada da Operação Sodoma da Polícia Civil.
“Sem dúvida, essas abordagens corroboram a ação consciente e deliberada por parte de Valdir Piran e Valdir Piran Júnior em promover a lavagem de valores de origem ilícita e, provavelmente, a intenção de influenciar o conteúdo de suas declarações, buscando ocultar a identidade de ambos das investigações”.