A Assembleia Nacional da Venezuela, liderada pela oposição, denunciou um “golpe de Estado” do governo de Nicolás Maduro e pediu por rebelião popular, em sessão tumultuada no domingo. Na semana passada, as autoridades do país suspenderam o referendo revogatório contra o impopular presidente, atitude vista como um ataque à democracia pelos opositores.
A sessão foi interrompida brevemente quando cerca de cem manifestantes pró-governo invadiram o local com cartazes do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e gritando “A Assembleia vai cair!”, antes de serem escoltados para fora por funcionários. Alguns manifestantes ficaram feridos e jornalistas tiveram seus equipamentos roubados.
Após o tumulto, a Assembleia Nacional prosseguiu com a denúncia de “uma ruptura da ordem constitucional” cometida pelo regime de Maduro. Os legisladores convocaram o povo da Venezuela “à defesa ativa da Carta Magna” e pediram que comunidade internacional pressione com a “ativação de mecanismos para o retorno da “democracia”. Os legisladores também propuseram esforços para substituir as autoridades eleitorais e juízes do Supremo Tribunal, acusados de favorecerem Maduro.
No início do debate, o presidente da Assembleia, Ramos Allup, afirmou que a sessão poderia até discutir a abertura de um “julgamento político” contra Maduro. Após várias intervenções, o tema ainda não havia sido abordado até o momento. Os deputados desencavaram também uma acusação antiga de que Maduro na verdade é colombiano e, por isso, inelegível para ser presidente.
Golpe
Um depois do outro, os deputados da oposição foram denunciando a existência de uma “ditadura” no país. “O povo tem direito à rebelião. Na Venezuela, deu-se um golpe de Estado continuado, que teve seu ápice com o roubo do voto do referendo”, criticou o líder da bancada opositora, Julio Borges.
“Como vocês dizem que tem ditadura na Venezuela, se vocês conseguiram ganhar eleições?”, questionou a deputada governista Tania Díaz, ao classificar a sessão como um “reality show”. Héctor Rodríguez, líder da bancada governista, considerou a resolução da Assembleia uma “tentativa enganosa de copiar o golpe de Estado no Brasil”. O deputado lembrou que, há dois meses, a Assembleia foi declarada em desacato pelo TSJ e, portanto, todos seus atos são considerados nulos.