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MPE diz que Pedro Nadaf tinha o hábito de lavar dinheiro comprando barra de ouro

Da Redação Sávio Saviola

Na denúncia criminal relacionada a quarta fase da Operação Sodoma da Polícia Civil, o Ministério Público Estadual (MPE) narra que o ex-secretário de Estado, Pedro Nadaf tinha o hábito de lavar dinheiro por meio da compra de barras de ouro adquiridas em municípios do interior de Mato Grosso.

A lavagem de dinheiro servia para atender aos seus próprios interesses e também de empresários considerados aliados de seu grupo político. Um dos parceiros estratégicos de Nadaf para a aquisição de barras de ouro por meio de lavagem de dinheiro era o amigo de infância e ex-presidente da METAMAT (Companhia Mato Grossense de Mineração), João Justino Malheiros.

Em confissão à Justiça, Nadaf esclareceu que o empresário Filinto Muller Coutinho lhe repassou a quantia de R$ 1 milhão. Deste valor R$ 750 mil seria a parte correspondente a sua propina e outros R$ 250 mil pertencente ao ex-secretário de Estado de Fazenda, Marcel de Cursi.

A partir daí, atendendo pedido de Marcel de Cursi, Nadaf entregou a quantia de R$ 250 mil ao ex-presidente da METAMAT, João Justino Malheiros, para que fosse providenciada a compra de 10 kg de barras de ouro. No final de 2014, Nadaf entregou pessoalmente as barras de ouro a Marcel de Cursi.

A denúncia diz ainda que Nadaf pedia com determinada frequência a aquisição de barras de ouro para atender interesses de aliados, conforme depoimento prestado por João Justino Paes de Barros, em seu termo de colaboração premiada firmada com o Ministério Público Estadual (MPE), e devidamente homologada pela Justiça.

“João Justino Paes de Barros, ora colaborador, reconheceu que Pedro Nadaf, , seu amigo de infância, lhe solicitou por 05 (cinco) vezes, durante o ano de 2014, que efetuasse a compra de ouro, ocasiões em que Pedro Nadaf informava que o ouro comprado era repassado para um grupo de empresários que representava e ao Marcel de Cursi”, diz um dos trechos.

Em seu depoimento, Justino informou que, na primeira vez que providenciou a compra de barras de ouro, Nadaf lhe entregou em espécie a quantia de R$ 150 mil, o que correspondeu a compra de 1,5 kg de ouro.

Com outros R$ 500 mil, Justino revelou ter comprado 8 kg de ouro, acreditando que a soma total atingiu 15 kg. As barras de ouro foram entregues a Nadaf, mas em outras ocasiões assegurou ter entregue diretamente a Marcel de Cursi.

“Esclareceu João Justino que realizava viagens ao interior do Estado com certa frequência, em razão das funções que exercia enquanto presidente da METAMAT, sendo que nas oportunidades em que dirigia-se à cidade Peixoto de Azevedo – MT comprava ouro com deságio de 30% (trinta por cento), fato que foi levado ao conhecimento de Pedro Nadaf pelo próprio João Justino, que passou a lhe pedir a compra desse ouro, pagando sempre em espécie”, narra a denúncia.

O Ministério Público sustenta que a compra de ouro e metais preciosos é uma modalidade muito utilizada para a lavagem de dinheiro, normalmente em aquisições clandestinas, como a realizada, sem a expedição de documento fiscal que no caso de Ativo Financeiro é a Nota de Negociação de Ouro (NNO) e a Nota de Remessa de Ouro (NFRO).

“A modalidade é procurada, pois, além de retirar valores do sistema financeiro, fugindo ao radar dos órgãos de controle, ainda, facilita a armazenagem e transporte”, concluiu.

No total, 17 pessoas foram denunciadas na quarta fase da Operação Sodoma da Polícia Civil. Todos são suspeitos dos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, coação no curso do processo, organização criminosa, lavagem de dinheiro e receptação qualificada.

Na relação de denunciados está o ex-governador Silval Barbosa, Pedro Jamil Nadaf (ex-secretario chefe da Casa Civil), Francisco Gomes de Andrade Lima Filho (procurador de Estado aposentado), Marcel de Cursi (ex-secretário de fazenda), Arnaldo Alves de Souza Neto (ex-secretário de Planejamento), Afonso Dalberto (ex-presidente do Intermat), além do proprietário do imóvel Antônio Rodrigues Carvalho, seu advogado Levi Machado e o empresário Valdir Piran.

Completam a lista Karla Cecilia de Oliveira Cintra (assessora da Fecomércio), José de Jesus Nunes Cordeiro (ex-secretário adjunto de Administração), Sílvio Cezar Corrêa Araujo (ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa), Pedro Elias Domingos de Mello (ex-secretário de Administração), Rodrigo da Cunha Barbosa (médico e filho do ex-governador Silval Barbosa), Cesar Roberto Zilio (ex-secretário de administração), Alan Ayoub Malouf (empresário) e João Justino Paes de Barros (ex-presidente da Metamat).


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