Escrevo artigos há 26 anos. Sempre pautei por contextualizar o que escrevo dentro da História. Tem funcionado porque o cotidiano nos engole e não permite uma ampla contextualização de tudo que vemos, ouvimos e lemos. Por isso o tema de hoje passará pela História, embora ele seja atual.
Falo da crise que envolve o Governo de Mato Grosso. Começou como uma crise econômica, virou financeira, virou política e agora é de transformação da gestão. O ambiente político e financeiro é péssimo, mas há que se mudar tudo pra se salvar os dedos, porque os anéis se foram.
Em 1979 o governador Frederico Campos assumiu a primeira gestão depois da divisão que separou Mato Grosso do Sul do território de Mato Grosso. Foi uma pedreira. Mas passou! Em 1995 veio Dante de Oliveira e pagou o preço das contradições criadas pela divisão desde 1979. Mas passou! Em 2015 entrou Pedro Taques e pegou contradições somadas de outras gestões, especialmente da última, além das crises política e financeira brasileiras. Mas passará.
Os governantes anteriores citados cumpriram pesadíssimas agendas de transformação. Cito Dante que em 1996 teve que fechar o banco do estado, vender a empresa de energia elétrica, municipalizar a de água, fechar três empresas públicas e demitir 10 mil servidores contratados sem concurso. Pagou caríssimo, mas reelegeu-se dois anos depois. Sinal que a sociedade compreendeu o uso de remédios amargos. O governador Pedro Taques não sairá dessa crise sem remédios amargos.
Por isso a crise atual é didática. Se os remédios amargos forem usados serão compreendidos pela sociedade e darão resultados. Se não, os problemas continuarão e a doença será maior no futuro próximo.
Hoje está assim: ou vai, ou vai! Por outro lado, é uma raríssima oportunidade de se aprender com a crise e transformá-la em ganhos duradouros no presente e no futuro. O governador tem uma raríssima chance didática de repetir o que fizeram antecessores nas suas respectivas crises. Cada crise é uma crise. Mas passa!
Ao governador Pedro Taques abre-se a janela de olhar pra sociedade e propor as transformações amargas que precisem ser aplicadas. Se doer, doerá pouco. Melhor curar o doente!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso