Em menos de 24 horas os Estados Unidos e o mundo irão conhecer o novo presidente americano, detentor do cargo político mais influente e poderoso do mundo. Na história recente dos EUA, nunca campanha presidencial foi de tal forma pautada na aversão ao adversário e seus eleitores — o país está dividido. Em uma pesquisa realizada e agosto, 53% dos que apoiam o republicano Donald Trump disseram que seu voto é basicamente contra a democrata Hillary Clinton. Entre os eleitores democratas, 46% afirmaram que votam nela apenas para impedir que o republicano chegue ao poder.
A divisão entre a população americana — basicamente uma maneira oposta de ver e interpretar as mudanças demográficas, econômicas, sociais e culturais que acontecem nos EUA e no mundo — não vai desaparecer nesta terça-feira, 8 de novembro. Ao contrário, tende a se aprofundar nos próximos anos, seja Hillary ou Trump o próximo presidente.
Nesta terça, pesquisas dão a liderança a Hillary, por aproximadamente 2,7 pontos percentuais na corrida eleitoral, embora a dinâmica dos últimos dez dias de campanha tenha sido favorável a Trump. Em uma enquete realizada pela rede CBS e divulgada nesta segunda-feira, a vantagem de Hillary é de quatro pontos (45% contra 41%). Um modelo matemático de projeção elaborado pela rede de televisão NBC indica que Hillary Clinton já teria assegurado pelo menos 274 votos no colégio eleitoral, quatro a mais do que os necessários para selar sua vitória.
O site especializado FiveThirtyEight, do estatístico-celebridade Nate Silver, atribui a Hillary Clinton probabilidade de 71,6% de ganhar as eleições, contra 28,4% de Trump. Já o RealClearPolitics, que faz a média de diferentes pesquisas nacionais, indica Hillary com 47,2% e Trump com 44,2% da preferência do eleitorado. O prognóstico do jornal The New York Times, que pondera diferentes pesquisas e leva em conta o voto nos colégios eleitorais, informa que a democrata tem 84% de chances de vencer, contra 16% do republicano.
Ato final — Depois de pouco mais de um ano de idas e vindas, dramas inesperados e uma série sem precedentes de escândalos de todo tipo, para a ex-secretária de Estado e o para polêmico bilionário chegou o momento de colocar todas as cartas sobre a mesa. Ao iniciar o último dia de campanha, nesta segunda-feira, Hillary Clinton se comprometeu a trabalhar pela união nacional, caso chegue à Casa Branca. “Tenho muito trabalho a fazer para unificar o país. Realmente quero ser a presidente para todos, para pessoas que votaram em mim e pessoas que votaram contra mim”, disse à imprensa.
De acordo com Hillary, os eleitores terão de escolher entre “a divisão, ou a unidade, entre uma liderança firme e forte, ou uma bala perdida”. Mas — declarou ela em Pittsburgh — a eleição “é apenas o início”. “Temos de cicatrizar este país, unir as pessoas, ouvir-nos e nos respeitar”, expressou.
Em um ato público em Sarasota, na Flórida, Trump disse, por sua vez, que uma vitória sua na eleição de amanhã será um golpe fatal ao que chamou de “establishment corrupto de Washington”. “Hillary Clinton é protegida por um sistema totalmente trapaceiro. E agora os americanos farão justiça amanhã nas urnas”, afirmou. “Se ganharmos, vamos limpar essa lama”, acrescentou, referindo-se à corrupção em Washington. “Limpem a lama, limpem a lama!”, gritava a multidão.
“Quem teria acreditado nisso?”, questionou Trump, aos seus cerca de 4.000 simpatizantes, em Sarasota, ao se referir à sua odisseia de 18 meses pela Casa Branca.