Uma parte dos R$ 9 milhões desviados dos cofres da Assembleia Legislativa por meio de uma fraude em um pagamento que deveria ser destinado a quitação de uma dívida com o HSBC Seguros apontam que o deputado estadual Mauro Savi (PSB) utilizou parte do dinheiro para compra de gado e material genético de bovinos, enquanto o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) quitou dívidas e simulou doação de campanha eleitoral na eleição de 2014, quando disputou a reeleição.
Outro terceiro deputado estadual suspeito de ser favorecido com a fraude é Gilmar Fabris (PSD) que teria recebido R$ 95 mil por meio de uma funcionária do seu gabinete. No entanto, o parlamentar nega veementemente que o procedimento tenha sido ilegal, afirmando que se trata de um reembolso por ter patrocinado obras em seu gabinete.
De acordo com a denúncia criminal oferecida pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (NACO) ao Tribunal de Justiça, em razão do foro por prerrogativa de função na esfera criminal assegurado aos parlamentares, o deputado Mauro Savi recebeu R$ 484 mil após o dinheiro ter sido devidamente “lavado” por empresas privadas.
O advogado Joaquim Fábio Mielli Camargo, um dos líderes do esquema fraudulento, depositou cinco cheques que somam R$ 360.200 mil nas contas bancárias da empresa Cini Cavalcante & Cavalcante CIA LTDA, de propriedade dos empresários e irmãos Marcelo Henrique Cini e Antônio e Cleber Antônio Cini. Ambos confessaram em depoimento que o dinheiro foi entregue ao parlamentar.
No dia 18 de março de 2014, o advogado Joaquim Mielli depositou um cheque de R$ 6 mil em uma conta bancária do empresário José Carlos Di Gênio. A quantia serviu para pagar parcialmente a compra em leilão de cabeças de gado e embrião bovino destinado a Fazenda Curió. Trata-se de uma propriedade do empresário Valdir Daroit que teria como sócio oculto o deputado Mauro Savi.
“Diligências efetivadas por agentes deste GAECO (fls. 892/905) comprovam que o denunciado Mauro Savi é um dos proprietários de fato da referida Fazenda Curió, situada na BR 163, KM 80, em Rosário Oeste”, diz um dos trechos da denúncia.
O empresário José Humberto de Sá também comprovou que recebeu R$ 22,8 mil de um cheque depositado pelo advogado Joaquim Mielli que serviu para pagar duas parcelas da compra em leilão de uma novilha para a Fazenda Curió.
Com cheques do advogado Joaquim Mielli, o parlamentar ainda comprou cabeças de gado e uma vaca em transações financeiras com os empresários Adir do Carmo Leonel, Roberto Bavaresco e José Murilo Procópio de Carvalho. Essas três transações financeiras somaram o total de R$ 95 mil.
As investigações ainda apontaram que o deputado estadual Romoaldo Júnior (PMDB) é suspeito de utilizar contas bancárias de três empresas para “lavar” R$ 808 mil que seria dinheiro desviado da Assembleia Legislativa no ano de 2014. Trata-se das empresas FH Comércio de Combustíveis Ltda., Rede Shop Comércio de Combustíveis Ltda. e Rodo Shop Transportes Ltda.
Ainda foi descoberto que o parlamentar forjou doação de campanha eleitoral com o dinheiro que teria sido desviado do Legislativo.
Essa acusação estaria comprovada por meio de uma interceptação telefônica na qual o empresário José Lopes revelou a sua esposa que a Operação Ventríloquo teria ligação com uma doação de R$ 200 mil de sua autoria destinada a campanha à reeleição de Romoaldo Júnior para deputado estadual.