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Selvageria e responsabilidade

A cidade de Manaus mandou um aviso catastrófico para o Brasil, Boa Vista, em Roraima, segue o exemplo do Amazonas. O aviso foi dado por três chacinas ocorridas nos presídios nestes dois estados vizinhos.

O alerta vermelho acendeu uma luz em Brasília e como piada o governo Temer disse: foi apenas um acidente de mau gosto. Até agora são 94 mortos.

A selvageria gerou no Planalto Central uma reunião no Executivo e no Judiciário e, pois, em prática um plano federal de segurança. Uma série de novas regras e criação de novos presídios foram anunciados. A posição do governo, no entanto é efêmera e descabida.

O frágil e corrupto governo Temer não diz a população que sua atitude vai levar 6 anos para que se efetive a inauguração desses presídios anunciados com toda a pompa, inclusive com licitação internacional, e resolve apenas 0,4 por cento da totalidade do excesso de presos  no Brasil.

A população carcerária em nosso país beira aos 700 mil detentos e o Amazonas tem uma diferença de mais de 200 por cento de presos em relação aos espaços oferecidos nas cadeias.   No resto do Brasil, não é diferente.

Essas rebeliões, segundo a mídia, chefiadas por grupos criminosos organizados, seja pelo PCC, CV, ou FDN ( Família do Norte), apenas mostram a leniência existente nas cadeias, que são verdadeiros navios tumbeiros, onde o condenado, provisório (pobre) ou definitivo, entram para morrer, ou sair doutor no crime organizado.

Os atos em Manaus refletem uma sociedade em crise, com seus valores corrompidos e autoridades que representam apenas a si e seus interesses monetários.

O condenado, nas cadeias, aqueles que cumprem penas maiores, tem uma origem humilde e desgraçados socialmente, ao caírem na desgraça das grades, são duplamente condenados na vida. Não tendo advogados, são levados a uma defensoria pública onde a estatística mostra sua ineficiência diante de tantos reclusos.

Enquanto isso, os ricos ao serem presos, ficam em partes das cadeias com regalias e por tempos minúsculos. Um exemplo vergonhoso é o caso do hiper empresário Alan Malouf, envolvido em maracutaia no governo de Mato Grosso e que saiu depois de pagar fiança, parte dela com dinheiro sujo que amealhou da Seduc. Ganhou ele, até um presente de natal da nossa juíza Selma, saindo no dia 24 de dezembro de 2016. Depois desta, passei a acreditar de novo em Papai Noel…

Algumas exceções ainda acontecem, mas não sei até quando, como é o caso do ex governador Silval Barbosa, mas aquilo tá mais me parecendo uma “vingancinha” do nosso imperador.

Há uma crise no sistema carcerário, como parte de uma crise global no Brasil. Há na verdade uma crise de valores, isso sim.

Estive várias vezes em situação de estudo no Paraguai, e achava que lá tinha uma corrupção deslavada, tudo lá gira em torno do chamado “regalo”, mas em nosso grandioso país, é maior.

Nossos políticos se elegem para venderem leis e manobras políticas no intuito de ficarem ricos de uma hora para outra. A casa dos horrores segue seu curso aqui em Cuiabá, reforçando esta prática.

A crise maior que se iniciou em 2008, hoje está a pino e as pseudos-autoridades não se sensibilizam e os Renans da vida, ignoram até a altíssima corte de justiça do Brasil, que se prostra de quatro a estes ladrões de colarinho branco.

Uns vão para a cadeia por roubar bancos, o comércio, ou pessoas físicas. Estes vão para lá e sabem que vão fugir, ou morrem no inferno carcerário. Outros, usam o poder da oratória (Malafaia que o diga), ou a caneta para surrupiar o poder público e usam o emaranhado das leis e advogados não tão éticos assim, para roubarem e depois cumprir num máximo uma prisão domiciliar.

Fala aí, Brasil, de quem é a responsabilidade?

Pedro Felix é professor escreve em Cuiabá


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