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Samba-enredo e Agronegócio

Minha definição de samba-enredo: “desfile de frases ocas formando versos de rimas pobres, que quase nunca dão liga”. Assim é o canto da Imperatriz Leopoldinense do Rio de Janeiro, cuja polêmica com os representantes do agronegócio tem repercutido na mídia.

Meu palpite como defensor incondicional da agropecuária moderna é que foi um erro dos empresários do ramo implicarem com a letra do samba. Primeiro porque a liberdade de expressão faculta a qualquer um criticar o que bem entender. Segundo que sem a manifestação do empresariado rural poucos saberiam que há naquela péssima letra musical uma crítica ao setor.

Afinal, ninguém está interessado em letras de samba-enredo. Poucos se dão ao trabalho de decifrá-los, não pela profundidade das ideias, mas pela má qualidade dos textos. Este da Imperatriz, por exemplo, composto por 4 carnavalescos dá a impressão que cada um fez uma frase e que foram ajuntadas sem muita liga ou gancho.

Em vez de preocuparmos com essas músicas de gosto duvidoso, acho que seria muito mais positivo mostrar para o urbano as vantagens da tecnologia aplicada na agricultura empresarial. Ele (o urbano) não sabe que em 50 anos os produtos agrícolas que ele come baixaram 80% do preço graças à produção em grande escala com máquinas sofisticadas e tecnologia apropriada.

O morador da cidade também desconhece que para alimentar o mundo, não fossem os defensivos, os fertilizantes, os corretivos e a transgenia teríamos que ocupar mais que o dobro da terra que hoje cultivamos.

No Brasil, por exemplo, dois terços da área preservada, que é perto de 60%, precisaria ser incorporada ao processo produtivo derrubando florestas ou não haveria alimento para todos.

O habitante dos grandes centros precisa saber que quem é contra o desmatamento deveria ser a favor da agricultura mecanizada e de alta produtividade.

Precisamos informá-lo que quem defende a abundância de alimentos a preços baixos por certo deveria aplaudir as iniciativas que buscam aumentar a produção e produtividade. Ele precisa conhecer o agricultor moderno, que com raríssimas exceções, é um preservacionista convicto não por bondade, mas por praticidade, posto que a terra é sua riqueza e a conservação dela a garantia de produção sustentável e a herança dos filhos.

Em vez de nos preocuparmos com obscuras letras dos sambas-enredo, seria melhor fazer chegar às cidades a imagem do produtor rural moderno que dispõe de GPS nas colheitadeiras, usa computadores com desenvoltura, testa drones na inspeção das lavouras, preserva florestas e repõe as que no passado foram derrubadas.

E, principalmente, faz chegar a todas as pessoas alimentos saudáveis disponíveis aos pobres por um preço justo.

Renato de Paiva Pereira é empresário e escritor

renato@hotelgranodara.com.br

Obs. Aos que acham que escrevo em proveito próprio informo que não tenho um único pé de soja, uma só vaca de cria nem um magro bezerro guaxo. (infelizmente).


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Comentário

  1. Marcelo Monteiro 30 de janeiro de 2017 at 15:22 - Reply

    Ter preconceito com o gênero samba-enredo é uma questão pessoal, que não vem ao caso. Mas pelo que escreveu, está claro que não conhece a letra do samba da Imperatriz. Acaso tivesse dado ao trabalho de ler, teria observado que dele não consta qualquer menção ao agronegócio. Talvez esteja ele se referindo a uma das fantasias, que representa o COMBATE ao uso ABUSIVO de agrotóxicos, que é prática condenável, causando malefícios. A fantasia em questão entra no setor que fala sobre a importância da preservação do ambiente, esta sim, integrante do enredo, que visa conscientizar sobre a preservação da fauna, flora e defender o espaço indígena, Portanto, a fala singe-se em torno de uma polêmica, equivocada. Em nenhum momento o enredo ataca o agronegócio e por este motivo, o samba não tem uma linha sequer neste sentido.

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