Ministério Público pede prisão do major da Polícia Militar Waldir Félix de Oliveira Paixão Júnior, denunciado pelo homicídio qualificado, praticado por motivo torpe, sem chance de defesa da vítima André Luiz Oliveira 27. O promotor de Justiça Jaime Romaquelli ofereceu denúncia contra o major que agora pode ir a júri Popular, caso o juízo da 12ª Vara Criminal dê parecer favorável à denúncia.
André foi executado durante uma operação policial no bairro CPA 3, no dia 2 de agosto. Segundo Romaquelli, laudo mostra que a vítima estava ajoelhada ou sentada no momento da execução e tinha sinais de lesões no corpo.
O Major ainda é acusado de ter adulterado a cena do crime, com propósito de prejudicar a investigação policial, ao introduzir no ambiente um revólver para legitimar a tese do homicídio por legítima defesa.
André foi executado logo depois que o irmão dele, Carlos Alberto de Oliveira Júnior, 31, entrou em luta com o policial militar Élcio Ramos Leite, 29. Elcio e um colega, vestidos à paisana, investigavam a venda de uma arma de fogo, via aplicativo Whats app. A arma havia sido oferecida por Carlos e era suspeita de ter sido usado em um latrocínio ocorrido no bairro dias antes.
O policial marcou encontro com Carlos para supostamente comprar a arma de fogo. Mas ao chegar na casa onde estavam os irmãos e funcionava uma distribuidora de bebidas, Carlos teria percebido que Élcio portava uma arma na cintura, e tentou desarmá-lo. Houve luta corporal e o policial foi atingido por André, que veio em socorro do irmão. Morreu a caminho de uma unidade de saúde, para onde foi levado pelo policial militar Saraiva, que atuava junto a Élcio no setor de inteligência do 9º Batalhão.
Após a confirmação da morte do soldado PM Élcio, o bairro foi literalmente cercado por policiais de diversas unidades. O primeiro a ser preso foi Carlos Alberto, na casa de terceiros. Ele então disse que o autor do disparo que matou o PM foi o irmão André.
André foi localizado tentando se esconder na casa de uma moradora do bairro. Membros da imprensa que estavam no local flagraram o momento em que André desarmado se rendeu. Em seguida os jornalistas foram obrigados a deixar o local e logo depois foram ouvidos os disparos e o corpo do jovem foi retirado da casa e jogado sobre a carroceria de um veículo da Polícia Militar.
O pai de André e Carlos, o comerciante Carlos Alberto de Oliveira, 52, desde o início denuncia que o filho foi torturado antes de ser morto com um tiro na boca. Ele fez questão de participar da coletiva concedida na tarde desta terça-feira, por Romaquelli, na sede do Ministério Público. Questionou o fato de apenas o Major ter sido acusado pelas lesões no corpo de André.
Romaquelli disse que não existem nos autos informações que incluam outros policiais no crime. Mas caso hajam novos fatos, podem ser investigados, assegura.
O comerciante de disse decepcionado com o Ministério Público, pois esperava uma ação mais energética em relação a outros envolvidos. Se diz inconformado com o fato do soldado Saraiva, parceiro de Élcio, que fez a prisão de André não ter sido denunciado, bem como o secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, que esteve no local acompanhando de perto todo o desenrolar da situação.
André já foi pronunciado pela participação no homicídios de Élcio, também na 12ª Vara, e deve ser levado a júri popular.