Com receio de que Mato Grosso venha a ter prejuízos com o embargo internacional à carne brasileira decorrente da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, o governador Pedro Taques vai se reunir com o presidente da República, Michel Temer, nesta terça-feira (21).
Na pauta, a preocupação do Estado quanto aos prejuízos econômicos caso haja restrição completa aos produtos brasileiros. Hoje, Mato Grosso é o maior produtor de rebanho bovino do país. São 3,030 milhões de cabeças de gado livres de febre aftosa.
“Mato Grosso é um sujeito importante no mercado internacional. Então, a preocupação é essa, para que nós não tenhamos prejuízos econômicos. Esses prejuízos não são apenas para a indústria frigorifica. É um erro falar nisso. É um prejuízo econômico para o Brasil”, disse após reunião com entidades do setor agropecuário do Estado.
Os países da União Europeia, a China, a Coreia do Sul e o Chile já pediram ao governo brasileiro explicações quanto às investigações da Polícia Federal e anunciaram restrições temporárias à carne brasileira, até que a situação seja esclarecida.
A China já anunciou a suspensão da exportação, enquanto a União Europeia interrompeu a exportação de quatro frigoríficos dos 21 investigados na operação. A Coreia do Sul, por sua vez, restringiu apenas as carnes da empresa BRF Brasil Foods. Já o Chile ainda não comunicou ao governo brasileiro se suspende todo o mercado ou apenas a exportação das empresas investigadas.
Diante do cenário, a preocupação é de que nenhum frigorifico em Mato Grosso possa fechar. O grupo JBS, por exemplo, investigado na operação, possui 28 plantas no Estado. Porém, nenhuma das unidades em Mato Grosso está sendo investigada. “Não existe nenhum indício de que frigoríficos do Estado estejam envolvidos”, assegurou Pedro Taques.
Além dessas 28 plantas da JBS, o Estado tem outras 15 plantas em funcionamento e 20 fechadas. “A preocupação é de que nenhuma planta possa fechar e nenhum produtor tenha prejuízos, uma vez que, se isso ocorrer, indiretamente o Estado terá prejuízos”, ressaltou.
Para isso, medidas como o fortalecimento da defesa sanitária por meio do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea) estão sendo realizadas, bem como o subsidio ao Ministério da Agricultura para intensificar a fiscalização, segundo Taques. “Nossa preocupação é fortalecer a fiscalização”, reforçou.
Ainda segundo Taques, ações políticas deverão ser realizadas. A priori, será colocando o Estado à disposição da União e, independentemente do governo federal, realizar algumas ações para “limpar” a imagem do produto brasileiro e fazer prospecções de novos parceiros comerciais.
Dentre elas, segundo Taques, a realização de route show em Brasília, São Paulo e outros países para tratar da carne do Estado. Inclusive, em maio, está prevista uma visita aos Estados Unidos.
“Essa reunião já estava planejada. Foi um convite, mas agora vamos vender nosso produto e demonstrar que a carne de Mato Grosso tem padrão exportação e qualidade diferente. Não há informações de que alguma planta de Mato Grosso esteja envolvida. Não podemos pegar uma pessoa jurídica com problema em uma planta e alargar isso para todas”, encerrou.(Karine Miranda do GD)