O ex-deputado estadual José Riva (sem partido) declarou a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, que usava dinheiro desviado da Assembleia Legislativa para favorecer deputados estaduais com uma mesada mensal que correspondia a R$ 70 mil mensal.
A mesada servia para garantir o apoio dos deputados ao poder Executivo, o que favoreceu os ex-governadores Dante de Oliveira (já falecido), Blairo Maggi e Silval Barbosa.
Na relação dos deputados que receberam dinheiro estão Silval Barbosa, Sérgio Ricardo, Mauro Savi, Dilceu Dalbosco, Campos Neto, Airton Português, Alencar Soares Carlão Nascimento, Pedro Satélite, Renê Barbour, Zeca D’Ávila, José Carlos de Freitas, Eliene Lima, Carlos Brito, Sebastião Rezende, Zé Domingos e Wallace Guimarães.
A relação se completa com Percival Muniz, Nataniel de Jesus, Humberto Bosaipo, João Malheiros, Gilmar Fabris, José Domingos, Wagner Ramos, Adalto de Freitas, Nilson Santos, Juarez Costa, Walter Rabello, Chica Nunes, Guilherme Maluf, Ademir Bruneto, Chico Galindo e Antônio Brito.
A declaração foi dada durante reinterrogatório dado na ação penal da Operação Imperador na tarde desta sexta-feira (31).
José Riva abriu o reinterrogatório fazendo uma nova confissão e estestou o mensalinhho já existia na Assembleia Legislativa desde a gestão do ex-governador Dante de Oliveira, do PSDB, já falecido. Depois continuou nos demais governos, mas em 2003 quando Blairo Maggi (PP) foi eleito governador ele se recusou a pagar mensalinho aos deputados para aprovação dos projetos de Executivo Estadual. No entanto, Blairro propôs que aumentaria o valor do duodecimo repassado para a Assembleia Legislativa e que a Mesa Diretora se virasse pra contemplar todos os deputados para não haver divergências.
José Riva também confirmou que dinheiro desviado dos valores desviados da Assembleia, R$ 2,5 milhões foram usados na compra da vaga de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado (TCE) hoje ocupada por Sergio Ricardo. Vale esclarecer que Sérgio Ricardo está afastado do cargo por decisão do juiz Luis Aparecido Bortolussi Júnior. Riva disse ainda que parte dos valores de propina também foram usados por Makusuês Leite em 2008 para comprar uma emissora de TV. José Riva atestou para a juíza Selma Rosane que o pagamento de mensalinho aos deputados ocorreu nas gestões de Silval Barbosa, Sérgio Ricardo e na sua gestão à frente da Mesa Diretora. Garantiu também que todos os deputados que eram contempladossabiam da origem ilícita do dinheiro.
“Quero fazer uma confissão e colaborar com a Justiça, o Ministério Público e apresentar nomes de novos agentes envolvidos nessa situação”, disse Riva.
Riva abriu o depoimento falando das mudanças de governo. Diz que na troca de legislatura os deputados fazem articulação e se preocupam para saber se iriam continuar recebendo a propina que recebiam do governo anterior, do tucano Dante de Oliveira. Naquela época os valores eram repassados por Dante exclusivamente para os depuptados da base governista.
Riva disse que lá atrás começou com repasses de R$ 15 mil, depois passou pra R$ 20 mil e acredita que ao final, antes de ser alvo do Ministério Público, o mensalinho repassado aos deputados estava na casa dos $ 25 mil. Na gestão Blairo, em 2003, ele se recusou a fazer o repasse dos valores aos parlamentares. Disse que repassaria um valor a maior para a Assembleia no duodécimo e a Mesa Diretora que se virasse como quisesse e que contemplasse todos os parlamentares para não haver atritos e reclamações. Ele não faria os pagamentos de mensalinhos pra nenhum deputado.
O esquema da atual forma como foi desmantelado, segundo José Riva começou em 2003. Segundo Riva, entre 2003 e 2005 foi movimentado R$ 1,1 milhão. “Em 2005 aumentou para 3,4 milhões. Em 2006 foram R$ 5 milhões. Em 2007 movimentou R$ 12 milhões, em 2008 movimentou 15 milhões e outros R$ 6, milhões em 2009″, atestou Riva lendo planilhas com anotações manuais feitas por ele.
Confirma que 2,5 milhão movimentados em 2009 foram usados na compra da vaga de conselheiro do TCE ocupada por Sérgio Ricardo. “Confirmo que foi daqui (Assembleia) que saíram esses R$ 2,5 milhões”, diz Riva. Ele revela ainda que Maksuês em 2008 comprou uma TV e também usou valores de propina desviada da Assembleia para pagar a TV.