O publicitário Carlos Rayel, ex-secretário de Estado de Comunicação na gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), foi citado na delação premiada da Odebrecht como um dos favorecidos com o esquema de propina paga pela empreiteira. A suspeita é que Rayel tenha sido favorecido em 2008 com R$ 3,5 milhões, após prestar serviços a campanha do candidato a prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias, atual senador da República pelo Rio de Janeiro.
De acordo com a delação da Odebrecht, Rayel foi o responsável por negociar a propina que seria paga pela empreiteira à campanha de Lindbergh Faria à prefeitura de Nova Iguaçu. A suspeita é que o dinheiro tenha abastecido um esquema de caixa 2 de campanha.
“Em 2008, conheci o Lindbergh, então candidato à prefeitura de Nova Iguaçu. Ele postulava uma eleição. Eu não tinha relação pessoal com ele, então o contato foi feito através de uma pessoa que eu conhecia em São Paulo, o marqueteiro chamado Carlos Rayel”, explicou o executivo, em trecho da delação premiada.
Em 2010, Rayel novamente foi um dos intermediários do esquema de caixa 2 para a campanha de Lindbergh Faria, desta vez pelo Senado Federal. Ao todo, nas duas eleições, o marqueteiro teria obtido R$ 3,2 milhões por meio de valores pagos pela empreiteira. Na disputa de 2008, ele conseguiu R$ 698 mil e na campanha seguinte, ele teria recebido R$ 2,5 milhões.
Esta é a segunda vez em que Rayel foi citado por delatores da Operação Lava Jato. Em dezembro passado, um dos diretores da empreiteira, Leandro Andrade Azevedo, também mencionou o nome do ex-secretário entre os beneficiários das propinas da Odebrecht. Ele relatou o mesmo esquema de caixa 2 para as campanhas de Lindbergh Faria. Conforme os delatores, parte do dinheiro foi paga em espécie a Rayel.
O diretor da Odebrecht revelou, durante a delação premiada, que a empreiteira decidiu investir em Lindbergh porque a cúpula da empresa o considerava um político promissor. Eles acreditavam que havia a possibilidade de um dia o senador chegar na presidência da República.
No período em que foi prefeito de Nova Iguaçu, Lindbergh teria auxiliado a construtora a lucrar em obras do Município. Conforme o diretor da Odebrecht, uma das obras teria sido no programa social Pró-Moradia. No projeto, a empreiteira, com apoio do então prefeito, teria realizado manobras para superfaturar as construções e lucrar mais.