Utilizado como laranja no esquema de desvio de R$ 31,7 milhões dos cofres públicos, o porteiro da Procuradoria Geral do Estado (PGE), Sebastião Faria, declarou que aceitou ser “laranja” do empresário Filinto Muller, para ajudar a mãe que sofria de um câncer no útero.
A declaração foi dada em entrevista a jornalistas na tarde desta segunda-feira (24) no Fórum de Cuiabá.
O porteiro seria ouvido nesta tarde pela juíza Selma Arruda, como testemunha do procurador aposentado Francisco Andrade Lima Filho, o “Chico Lima”. No entanto, a defesa optou por dispensá-lo.
O nome do porteiro foi usado por Filinto Muller, em 2014 para abrir a empresa S F Assessoria e Organização de Eventos, criada especialmente para lavar o dinheiro obtido no esquema na desapropriação de uma área de 55 hectares no Bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá.
A área, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), custou aos cofres públicos R$ 31,75 milhões, dos quais metade do valor (R$ 15,8 milhões) foi desviado.
A empresa de fachada serviu para lavar a quantia milionária desviada dos cofres públicos, o que correspondeu a R$ 15,857 milhões dos cofres públicos.
No corredor do fórum, Sebastião Faria afirmou que emprestou o nome para o empresário por uma “troca de favor”. Mesmo assinando cheques e documentos, o porteiro negou que tivesse conhecimento da real finalidade da empresa e do faturamento mensal da SF Assessoria.
“Eu conheci o Filinto por meio de um primo, que trabalhava junto com ele. O Filinto ofereceu ajuda pra minha mãe, que estava com câncer e pediu pra abrir a empresa em troca”, disse .
“Ele [Filinto] meu deu cerca de R$ 2 mil durante um ano que eu usei para comprar os remédios da minha mãe”, disse.
A mãe do porteiro faleceu em 2015. Ele ainda recebeu uma ajuda de Filinto Muller, no valor de R$ 10 mil, para a realização do enterro.