A defesa do ex-secretário de Estado de Fazenda Marcel de Cursi, após 589 dias da prisão preventiva dele, segue firme na estratégia de negar as acusações do Ministério Público Estadual (MPE) de que seria o “mentor intelectual” da suposta organização criminosa criada durante a gestão do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para desviar recursos públicos e exigir propinas de empresários que mantinham contratos com o Executivo.
Diferentemente do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que não aguentou passar quase dois anos preso e decidiu confessar seus crimes para tentar sair do cárcere, Cursi segue tentando em instâncias superiores obter a liberdade. Segundo a defesa dele, patrocinada pelos advogados Marcos Dantas e Goulth Valente, a estratégia não será alterada, mesmo com a possibilidade de que ele seja implicado com a aguardada confissão de Silval.
“A gente vai continuar na mesma linha de defesa. Agora, sobre o que o ex-governador vai dizer ou não, cabe a ele. A gente confia muito na linha que o nosso cliente nos diz. Na linha do que ele nos diz, a gente faz a defesa, independentemente do que o ex-governador vai falar ou deixar de falar”, disse Goulth Valente.
Questionado se existe algum temor de que Cursi seja citado por Silval Barbosa, o advogado diz estar tranquilo. “Eu não sei o que ele vem confessar ou não confessar. Só no dia 16 a gente vai saber qual o conteúdo. Fora isso, são especulações. A gente não sabe o que ele vai dizer, mas a defesa de Marcel está muito tranquila quanto a isso”, afirmou.
A tranquilidade da defesa se deve, segundo o advogado, à falta de provas materiais contra seu cliente. “De prova documental não existe nada contra Marcel de Cursi. (…) De prova material, não existe nada em relação a Marcel Souza de Cursi, a não ser delações e informações de pessoas que têm interesse dentro do processo. Entre elas, Pedro Nadaf, Afonso Dalberto, Antônio Carvalho, nesta ação penal. Quer dizer, depoimentos que, ao nosso entender, têm que ser vistos com uma certa reserva porque são pessoas que têm interesse. E, obviamente, contra essas pessoas existe prova material. Contra Marcel não existe”, argumentou Valente.
Questionado se, da mesma forma como foi defendido ao longo do processo por vários advogados, se também acredita que a prisão preventiva de réus ocorre como forma de pressioná-los a falar para conseguir a soltura, o advogado de Marcel de Cursi teceu críticas.
“Esse fato começou muito com a Lava Jato. Primeiro, você prende as pessoas e depois você pergunta . Então, esse modelo veio importado lá de Curitiba e está sendo feito aqui. Agora, como você pode falar alguma coisa ou deixar de falar alguma coisa se você não fez?”.