A decisão do diretório nacional do PSB em destituir o deputado federal Fábio Garcia da presidência do partido em Mato Grosso pode culminar em uma crise sem precedentes que levaria ao afastamento dos principais membros do partido.
Fábio Garcia foi destituído da função de presidente do PSB porque votou a favor da reforma trabalhista defendida pelo presidente da República, Michel Temer (PMDB).
A decisão de violar uma prerrogativa parlamentar que é a autonomia de votar de acordo com a sua consciência gerou revolta no deputado federal Adilton Sachetti, que acusou a direção nacional do PSB de censura e arbitrariedade.
“Não deram chance de discussão alguma e simplesmente no momento da votação intimidaram os parlamentares. Nem a ditadura militar existiu isso”, disse.
Sachetti informou que também votaria a favor da reforma trabalhista, mas não compareceu a sessão na Câmara dos Deputados em razão do falecimento de sua esposa, Rose Sachetti, no dia 24 de abril.
O parlamentar assegurou, entretanto, que votaria a favor da reforma trabalhista e já antecipou que votará a favor da reforma da previdência, que também é contrariada pela cúpula nacional do PSB, presidida pelo pernambucano Carlos Siqueira.
“Eu tenho minhas convicções e vejo com base em dados estatísticos fornecidos pelo governo federal que, se a reforma da previdência não for aprovada, vai comprometer o futuro das próximas gerações, dificultando ainda mais a aposentadoria dos trabalhadores. Eu vou votar de acordo com a minha consciência, até porque, o partido não tem voto”.
Sachetti manifestou solidariedade ao correligionário Fábio Garcia, ao ressaltar que não cabe ao partido exigir que parlamentares votem de acordo com suas linhas de pensamento e não por posição individual.
“Eu apoio o Fabio Garcia incondicionalmente. Se for para me punir que me puna, eu sou favorável a reforma da previdência porque é uma alternativa para sustentar o país. Da mesma maneira sou a favor da reforma trabalhista, que não tirou nenhum direito dos trabalhadores assegurados pela Constituição. Houve uma flexibilização e modernização para que possamos sair dessa crise que já atinge 13 milhões de pessoas desempregadas”.
No total, o PSB tem 34 deputados federais e 14 dos 30 presentes votaram favoravelmente a reforma trabalhista. Por conta disso, os deputados federais Danilo Fortes (CE), Tereza Cristina (MS) e Maria Helena (RO) também foram obrigadas a deixar a direção do PSB em seus estados.