Em depoimento a juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Arruda, o empresário Alan Malouf afirmou na tarde de quinta-feira (8) que o governador Pedro Taques (PSDB) tinha pleno conhecimento do esquema de propina paga a um grupo de servidores da Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e de fraude em licitação para favorecimento a empreiteiras bem como a existência de caixa 2 em sua campanha eleitoral de 2014 na disputa ao Palácio Paiaguás
Malouf declarou que doou a quantia de R$ 2 milhões em caixa 2 para a campanha do governador Pedro Taques e conseguiu receber apenas R$ 260 mil de retorno em parcelas
Ao final da campanha eleitoral, ainda auxiliou no pagamento de dívidas eleitorais que estavam pendentes.
“Foi feito um rateio para saldar a dívida e eu ajudei a pagar. Foi como um empréstimo a pedido do próprio governador”, explicou.
Argumentando que planeja colaborar com a Justiça, Malouf disse que está disposto a devolver a quantia de R$ 260 mil oriunda do desvio de dinheiro público
No termo de colaboração premiada que firmou com o Ministério Público Estadual (MPE), o empresário Giovani Guizardi, apontado como operador do esquema de propina, declarou que as fraudes em licitações para favorecimento de empreiteiras em contratos de reformas e construção de unidades escolares teria o propósito de desviar dinheiro dos cofres públicos para garantir ressarcimento ao empresário Alan Malouf na ordem de até R$ 10 milhões.
No depoimento que durou pouco mais de 30 minutos, Malouf ainda disse que ao tomar conhecimento da operação policial do Gaeco na educação, encaminhou uma mensagem de celular ao governador Pedro Taques. O tucano estava em Brasília e pediu que Malouf fosse até a sede do Palácio Paiaguás.
Pessoalmente, o empresário disse ter alertado o governador, que na ocasião estava na companhia de Paulo Taques, ex-secretário da Casa Civil e primo de Pedro Taques.
Malouf relatou ainda que o governador disse que iria resolver e pediu para permanecer tranquilo. “Eu o lembrei da doação feita pelo Guizardi durante a campanha dele. Ele disse que iria resolver o assunto e que eu deveria ficar tranquilo”, pontuou.
Alan Malouf também detalhou que, ao tomar conhecimento da prisão do ex-secretário de Estado de Educação, Permínio Pinto, novamente entrou em contato com o governador para alertá-lo.
Neste segundo encontro, Taques disse que iria revolver a situação, mas, de acordo com o empresário, nada foi resolvido. “Tanto não resolveu que eu também fui preso”, disse.
Malouf foi preso em dezembro do ano passado e solto 10 dias depois após ter a prisão preventiva revogada às vésperas do Natal.
As investigações do Ministério Público apontam que Malouf tinha o papel de formular e aprovas os procedimentos montados pela organização criminosa que visava desvio de dinheiro público. Por conta disso, responde a uma ação penal por organização criminosa e corrupção passiva.