O ex-vereador Lúdio Cabral (PT) e o ex-secretário de Estado de Administração Francisco Faiad (PMDB) tinham “pleno conhecimento”, de que receberam doação oriunda de desvio no Estado para sua candidatura aos cargos de prefeito e vice-prefeito de Cuiabá, respectivamente, no ano de 2012.
É o que afirma o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), que na noite de terça-feira (13), deixou o Centro de Custódia da Capital (CCC), onde ficou preso por 1 ano e 9 meses, após adotar postura de réu confesso nos diversos que ele responde nas operação Sodoma e Seven e oferecer R$ 46,6 milhões em bens como uma espécie de propina, valor que será utilizado para ressarcir parte dos valores desviados dos cofres
Aos delegados da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz), Silval Barbosa relatou diversos crimes cometidos durante sua gestão de governo e apontou também participação de ex-membros de seu staff na organização criminosa liderada por ele para desviar recursos e obter propinas para pagamento de dívidas de campanha eleitoral.
O depoimento prestado no dia 1º de junho deste ano serviu para a juíza Selma Rosane Santos Arruda, da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, embasar o decreto de conversão da prisão preventiva para domiciliar, tanto para Silval, quanto para o ex-chefe de gabinete dele, Sílvio César Corrêa Araújo, nas ações penais referentes às operações Sodoma 2, 3 e 4, esta última que apura fraudes envolvendo Faiad e Ludio.
À Defaz, Silval revelou que, na campanha eleitoral de 2012, quando Francisco Faiad foi candidato a vice-prefeito na chapa de Lúdio Cabral (PT) e recebeu auxílio financeiro e doação de combustível no montante de R$ 60 mil, frutos de desvios realizados na Secretaria de Estado de Transporte e Pavimentação Urbana (Setpu) e disse ainda que tanto Lúdio quanto Faiad tinham “pleno conhecimento da origem ilícita de tal doação”.
Em 2013, Francisco Faiad, que foi advogado de Silval Barbosa desde a época em que este exercia mandato de deputado estadual, foi nomeado em seu governo para ocupar o cargo de secretário de Estado de Administração, onde promoveu fraudes para quitar dívidas da campanha do ano anterior, conforme aponta denúncia do Ministério Público Estadual (MPE).
As declarações prestadas pelo ex-governador foram confirmadas pelo seu ex-chefe de gabinete Sílvio César Corrêa Araújo. Ele confirmou que Francisco Faiad recebeu pagamento de propina oriunda da empresa Marmeleiro Auto Posto, enquanto era titular da Secretaria de Estado de Administração (SAD) e também que o advogado se utilizou de fraude na Secretaria de Infraestrutura (antiga Setpu) para quitar restos de dívida da campanha em que foi candidato a vice-prefeito de Lúdio Cabral, no ano de 2012.
O esquema foi o que deu origem à quarta fase da operação Sodoma, no dia 14 de fevereiro deste ano, quando Francisco Faiad chegou a ficar preso por uma semana no Batalhão do Corpo de Bombeiros e Ludio Cabral foi conduzido coercitivamente para prestar depoimentos. Segundo o MPE, a chapa PT-PMDB se beneficiou com R$ 1,7 milhão de propina da MArmeleiro Auto Posto para quitar dívida de campanha, após o ingresso de Faiad na SAD. Ambos negam as acusações de caixa dois e fraudes em campanha.