O secretário–chefe da Casa civil, José Adolpho Vieira, afirmou que testemunhou o vazamento de informações sigilosas relativas às investigações do esquema de grampos ilegais que culminou na prisão secretário da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, e seu adjunto, coronel Ronelson Barros, na ultima sexta-feira (23). O secretário foi apontado pela categoria dos militares como o responsável pelo vazamento da informação.
A informação da prisão, no entanto, teria sido vazada, segundo a versão de Adolpho, pelo corregedor-geral da Polícia Militar, o coronel Alexandre Corrêa Mendes, e pelo diretor de Inteligência da corporação, o tenente-coronel Victor Paulo Fortes Pereira. Ambos também foram presos por decisão do desembargador Orlando de Almeida Perri.
Diante das prisões dos militares, o presidente da Associação dos Oficiais da Polícia (Assof-MT), Wanderson Nunes Siqueira, defendeu a categoria e afirmou que o secretário Adolpho é quem teria repassado a informação das prisões aos militares.
O secretário, porém, rebateu. “Como eu teria informação de um inquérito policial militar, que funciona na Policia Militar? Seria até incoerente. Não tem sentido nenhum. Vocês podem ver o registro de quando eles chegaram, do horário. Eu nem estava ali na Casa Civil”, disse.
O inquérito policial militar está sob a responsabilidade do coronel Jorge Catarino e apura, entre outras coisas, a participação de militares no esquema de escutas telefônicas clandestinas na modalidade “barriga de aluguel”. Teriam sido vitimas dos grampos mais de mil pessoas, entre políticos, magistrados, médicos, empresários e jornalistas, segundo decisão judicial preliminar sobre o caso.
Ainda segundo o secretário José Adolpho, ele não só não comentou nada, como também foi testemunha do crime. “Na hora que eu cheguei, encontrei o secretário de Justiça, coronel Siqueira, na minha sala. Aí perguntei: o que foi Siqueira? Problema logo cedo? Ele disse: não. Estou aguardando o Lesco, que está tendo uma conversa com o coronel Mendes e coronel Fortes na sala dele. Estou esperando terminar para saber o que vieram fazer”, disse.
Ele lembrou ainda que teria dito que “o Governo não espera nada” e que teria ido ao encontro de Lesco, para participar da reunião e saber o que ocorria. “Na hora que eu entrei na sala, eles começaram a falar e colocaram para a gente a situação que foi exposta no documento do governador ao presidente do TJ”, disse Adolpho.
Em seguida, afirma que repassou a informação imediatamente ao governador Pedro Taques (PSDB). “O que eu posso colocar é o que efetivamente aconteceu comigo. Fui testemunha de um crime e narrei ao governador. Ele passou a informação ao Tribunal de Justiça imediatamente. Isso não tem o que se contestar. O governador agiu dentro da lei, de forma transparente”, encerrou.
Prisões – Além das quatro prisões, também foram presos o Comandante do 4º Batalhão em Várzea Grande, tenente coronel Januário Antônio Edwiges Batista e o Cabo Euclides Luiz Torezan, cedido Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco) por suposta participação nos grampos. Estes três últimos teriam participado do esquema de escutas clandestinas.