O desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), chamou a atenção para o fato de que todos os policiais militares envolvidos na investigação que apura a existência de interceptações telefônicas ilegais ocorridas no Estado e que tem sido chamada de “grampolândia pantaneira” já atuaram no Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
O apontamento foi feito durante sessão plenária do TJ, na última quinta-feira (13), em que se analisava o pedido de arquivamento da investigação conduzida por Perri por parte do procurador-geral de Justiça Mauro Curvo, que acabou sendo negado por unanimidade.
“Por falar em Gaeco, chama a atenção o fato de que todos os policiais militares implicados nessa grampolândia estavam ou passaram pelo Gaeco. Os fatos são estarrecedores!”, disse Perri.
O desembargador é responsável por decretar as prisões do coronel Evandro Ferraz Lesco, secretário-chefe da Casa Militar afastado, do sargento Euclides Luiz Torezan, cedido ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do coronel Ronelson Jorge de Barros (secretário-adjunto na Casa Militar afastado) e do coronel Januário Antônio Edwiges Batista, ex-comandante do 4º Batalhão, em Várzea Grande.
Segundo ele, a sociedade mato-grossense tem o direito de saber quem foram as vítimas e quem são os “verdadeiros responsáveis” pelo que ele classificou como “graves atentados a intimidade do cidadão”.
O desembargador também ressaltou que caso as investigações por ele jurisdicionadas fossem arquivadas, todos os demais processos relacionados ao caso dos grampos ilegais também teriam quer ser novamente distribuídos e começar do zero.
“Todos os demais procedimentos a mim distribuídos ou avocados vieram por conexão. Se derrubarem esta notícia-crime vai ter que se fazer a distribuição de todos os demais procedimentos que estão sob minha relatoria. Existem sim conseqüências de ordem prática! E profundas conseqüências!”, afirmou.