Os deputados estaduais Mauro Savi (PSB) e Romoaldo Júnior (PMDB) negaram ter recebido propina da organização criminosa liderada pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB). Os parlamentares rebateram acusação feita pelo ex-secretário de Fazenda, Marcel de Cursi, durante depoimento preStado na última sexta-feira (28) à juíza da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Selma Rosane Santos Arruda.
Romoaldo afirma que está sendo injustiçado por Cursi. Admite ter feito empréstimos junto a factoring de Valdir Piran e por uma “falha na empresa” teve seu nome envolvido no esquema de corrupção. “Eu fui líder do governo Silval e nunca soube de desapropriação de terreno”, se defende. “Os empréstimos foram contraídos na empresa do Piran que repassou cheques de terceiros”, rebate em entrevista ao Gazeta Digital.
O parlamentar afirma que a transação financeira foi feita em outubro de 2014 e já pagou a dívida em dezembro do mesmo ano. “Se houve algum envolvimento meu no esquema a Delegacia Fazendária e o MPE já teriam acusado. Se não o fizeram é porque não tem”, argumenta.
Por meio de nota, o deputado Mauro Savi afirmou desconhecer qualquer irregularidade e negou o envolvimento de forma ilícita no processo de desapropriação da área, no bairro Jardim Liberdade.
“Refuto o recebimento de valores citado pelo ex-secretário de Fazenda Marcel de Cursi”, diz trecho. O deputado ainda cita que as investigações não apontam seu envolvimento, pois, “na ocupação de deputado não teria competência de realizar algum processo dentro do Executivo envolvendo pagamentos de recursos e desapropriação”. O parlamentar se coloca à disposição da justiça para qualquer esclarecimento.
Marcel de Cursi reclamou que Savi e Romoaldo e os deputados Wagner Ramos (PSD) e Guilherme Maluf (PSDB), além da atual prefeita de Juara, Luciane Bezerra (PSB) que na época dos fatos também era deputada estadual, tiveram os nomes citadas no esquema de desvio de dinheiro público, mas foram “blindados”. “Esses nomes não aparecem na denúncia”.
Procurados pela reportagem do Gazeta Digital Guilherme Maluf e Wagner Ramos não atenderam e nem retornaram as ligações.
A prefeita Luciane Bezerra também não atendeu as ligações, mas já negou participação do esquema de corrupção ao se manifestar quando a delegada Alexandra Fachone, da Delegacia Fazendária (Defaz), foi ouvida, na condição de testemunha, pela juíza Selma Arruda, e mencionou que Luciane estaria sendo investigada sob sigilo, após o depoimento de Pedro Nadaf no ano passado (2016).
“Luciane esclarece que até o momento não tem informações sobre a investigação e que se for chamada para prestar qualquer tipo de esclarecimentos estará a disposição da justiça. Luciane é prefeita de Juara, ex-deputada estadual e esposa do deputado Oscar Bezerra (PSB)”, diz trecho de nota encaminhada pela assessoria naquela época.
Sodoma
Marcel de Cursi foi o último réu a prestar depoimento na ação penal derivada da 4ª fase da Operação Sodoma. Em seu depoimento reclamou de falhas na denuncia do Ministério Público Estadual (MPE), pois ao longo das investigações, segundo ele, houve citação de pagamentos de R$190 mil para um assessor do deputado Mauro Savi, R$ 700 mil para Luciane Bezerra.
O ex-secretário disse acreditar que há pessoas com foro privilegiado que estão sendo preservadas. “Eu gostaria de citar, por exemplo a Luciane Bezerra”, afirmou ao citar ainda os Wagner Ramos e Guilherme Maluf (PSDB).