Em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) no dia 12 de janeiro deste ano o ex-secretário de Estado Pedro Nadaf confirmou que recebeu propina de R$ 1,501 milhão do empresário João Batista Rosa para articular a inclusão do grupo empresarial Tractor Parts no Prodeic (Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial) de Mato Grosso que autoriza incentivos fiscais a empresas privadas. A declaração foi dada a Procuradora da República Vanessa Marconi Zago, que recebeu poderes do Procurador Geral da República Rodrigo Janot para investigar esquemas de corrupção em Mato Grosso que tem como foco autoridades com foro por prerrogativa de função em tribunais superiores.
Pedro Nadaf relatou que o dinheiro foi recebido por meio de cheques de R$ 30 mil recebidos durante 46 meses. O período da arrecadação da propina corresponde a setembro de 2011 a outubro de 2013.
O dinheiro foi utilizado para pagamento de despesas pessoais e favoreceu terceiros como sua ex-esposa Cibele Bojikian, sua assessora Karla Cintra e sua namorada Narjara Barros. Parte do dinheiro também auxiliou sua ex-namorada Geisiane Antelo, seu sobrinho Jamil Nadaf de Melo e a irmã Yasmin Jamil Nadaf bem como seu amigo Maron Emile.
No depoimento, Nadaf assegurou que todos receberam parte do dinheiro como auxílio sem ter conhecimento da origem ilícita. O ex-secretário admitiu ainda que ampliou seu patrimônio com o dinheiro da propina oriunda das fraudes na concessão de incentivos fiscais.
Foi comprada uma chácara de propriedade de Terezinha de Jesus Coelho, um apartamento numa transação com Omar Benedito Malouf e cabeças de gado de propriedade de Antelmo Zilio, pai do ex-secretário de Estado de Administração, César Zilio. Para aparentar legalidade no recebimento do dinheiro da propina, Nadaf firmou contrato de consultoria do grupo Tractor Parts com sua empresa NBC Consultoria, o que permitia a emissão de notas fiscais frias por falsa prestação de serviços.
A fraude na concessão de incentivos fiscais mediante recebimento de propina foi desvendado pela Operação Sodoma da Polícia Civil deflagrada no dia 15 de setembro de 2015. O Ministério Público Estadual (MPE), posteriormente, ofereceu denúncia contra o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) e os ex-secretários de Estado Pedro Nadaf e Marcel de Cursi pelos crimes de concussão (praticado por funcionário público, em que este exige, para si ou para outrem, vantagem indevida), extorsão, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Ainda são réus pelos mesmos crimes o ex-chefe de gabinete de Silval Barbosa, Sílvio Cézar Corrêa de Araújo, o procurador do Estado aposentado, Francisco Andrade de Lima Filho e a funcionária da Fecomércio (Federação do Comércio), Karla Cecília de Oliveira Cintra. A ação penal já está pronta para a sentença após a apresentação das alegações finais dos réus. Por conta das confissões feitas em juízo, Nadaf requereu o perdão judicial, o que será julgado pela juíza da Sétima Vara Criminal de Cuiabá Selma Arruda.