O ex-executivo da Odebrecht Fernando Reis disse, em depoimento juntado ao acordo de leniência do grupo, que se encontrou com o ex-presidente do Banco do Brasil (BB) Aldemir Bendine e Marcelo Odebrecht para discutir formas de evitar delações na Operação Lava Jato.
Bendine é um dos alvos da 42ª fase da Lava Jato e está preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Ele é suspeito de ter recebido R$ 3 milhões em propina da Odebrecht.
O advogado de Aldemir Bendine, Pierpaolo Bottini, afirmou que já demonstrou que ele negou a maioria dos pedidos da Odebrecht no Banco do Brasil e na Petrobras e que, por isso, foi alvo de críticas da empreiteira.
Segundo o delator, o ex-presidente do BB relatou a preocupação de que executivos presos na 7ª fase da operação fechassem acordos de delação, que poderiam quebrar empresas. A reunião foi em janeiro de 2015, antes que a operação chegasse à Odebrecht.
Reis falou no depoimento que Bendine disse ter recebido da então presidente Dilma Rousseff a missão de interagir com as empresas investigadas, já que a ameaça de “quebra das empresas” apressaria as delações.
Conforme depoimento de Reis, Bendine disse na reunião que o Banco do Brasil daria apoio às empresas envolvidas na Lava Jato, para evitar uma crise de liquidez generalizada, que poderia levar a prejuízo de R$ 200 bilhões para a economia nacional.
“Parecia que estávamos todos do mesmo lado, tentando de alguma forma nos proteger. Se as possíveis colaborações causavam receio à Odebrecht, ficou absolutamente claro que o governo também as temia. Temor este que alimentou este encontro para discutir os efeitos da Lava Jato e possíveis sugestões para evitar delações”, afirmou Reis.