"> Lobista recebeu R$ 1 milhão em propina para silenciar sobre esquema do VLT – CanalMT
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Lobista recebeu R$ 1 milhão em propina para silenciar sobre esquema do VLT

Sávio Saviola

O ex-assessor especial da vice-governadoria, Rowles Magalhães, atuava como lobista da empresa Infinity que doou ao governo do Estado um pré-projeto avaliado em R$ 14 milhões favorável à implantação do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande.

Após a empresa ser prejudicada, uma vez que, apostava que a obra seria executada na modalidade de PPP (Parceria Público Privada), porém, o Estado decidiu não adotar este modelo por conta do longo prazo de execução das obras,  Rowles Magalhães passou a exigir dinheiro do governo do Estado para não comprometer o projeto.

Após pressionar pela liberação de até R$ 5 milhões, conseguiu o valor de R$ 1 milhão que foi pago pelo ex-secretário extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães.

A informação consta no inquérito da Polícia Federal que subsidiou Operação Descarrilho na manhã desta quarta-feira (9), deflagrada para investigar a suspeita de crimes como fraude em licitação, organização criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

 O inquérito narra ainda que Rowles Magalhães integrou uma comitiva organizada pela Assembleia Legislativa que visitou a Fenerconsult, uma empresa de Portugal especializada em projetos de transporte público, em meados de 2012.

O ex-governador revelou que Rowles era representante da Infinity, um fundo de investimento interessado na implantação do VLT e que se “dispôs” a doar o pré-projeto para implantação do sistema de transporte, no valor de R$ 14 milhões.

O alto valor traduzia o “interesse” da Infinity e da Fenerconsult no negócio. “Depreende-se das informações prestadas pelo ex-governador do Estado que a doação do pré-projeto avaliado em cerca de R$ 14 milhões revelava o interesse de Rowles e da Ferconsult em ganhar dinheiro com a mudança de modal com a proposta da realização de uma parceria público-privada, o que acabou não acontecendo”, diz trecho do documento.

Os fatos, ocorridos em 2012, eram parte das mudanças promovidas pelos políticos mato-grossenses que tinham o interesse de alterar o projeto do Bus Rapid Transport (BRT) para o VLT, depois de Silval Barbosa assumir o comando do Poder Executivo, em 2010.

O inquérito policial descreve ainda que o pré-projeto de R$ 14 milhões foi elaborado pela Fenerconsult e posteriormente entregue ao fundo de investimento Infinity, representado por Rowles.,

Por sua vez, o grupo repassou a ideia ao Governo de Mato Grosso esperando que o poder público realizasse uma Parceria Público Privada com o consórcio. Porém, em razão do tempo disponível para conclusão das obras – menos de dois anos -, a gestão Silval Barbosa afirmou ser impossível tirar o projeto do papel por meio de uma PPP.

A Ferconsult, por sua vez, tinha interesse em participar da licitação, mas foi impedida por ter elaborado o pré-projeto de R$ 14 milhões. Rowles Magalhães também era lobista de outra empresa portuguesa que tinha interesse na implantação do VLT, a Construtora Soares da Costa, que também fracassou no plano de vencer a licitação do VLT.

Por conta da exclusão dessas duas empresas, o lobista começou a pressionar os membros da gestão Silval Barbosa envolvidos no esquema, como o próprio ex-governador. “Rowles Magalhães, segundo Silval Barbosa declarou, ainda tentaria auferir vantagem da obra do VLT, de um lado realizando tratativas com a empresa Soares da Costa (que também participara do certame, mas não venceu), de outro, acertando o recebimento de propina (“retorno”) no montante de R$ 5 milhões com Eder de Moraes Dias (antes deste ser exonerado da Secopa)”, diz outro trecho do inquérito.

Conforme descreve o documento, Rowles passou a exigir, então, R$ 5 milhões ao secretário da Secopa-MT, Eder de Moraes, como “ressarcimento” pelos investimentos do grupo que representava no Brasil. Contudo, Eder foi substituído no comando da pasta por Maurício Guimarães, que passou a ser cobrado pelo lobista, em 2012.

Em virtude das pressões, Silval Barbosa determinou o pagamento de R$ 1 milhão a Rowles para ele “parar de importunar”, cujo repasse aconteceu através da empresa de Ricardo Novis Neves, um dos alvos da operação de hoje. A propina, de acordo com o ex-governador, foi obtida de outras propinas recebidas pela Secopa-MT, e que teriam sido recolhidas por Maurício Guimarães.


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