Há um complô de setores do Ministério Público do Estado (MPE), Judiciário e Imprensa mato-grossense para transformar o escândalo dos grampos telefônicos na marca de gestão do governador Pedro Taques (PSDB). A avaliação é do secretário de Estado de Comunicação, Kleber Lima.
As declarações foram feitas durante entrevista ao Programa Provocações, da TV Mais – afiliada da TV Cultura – nesta noite de quarta-feira (09).
“Eu acho que há uma tentativa forçada de agentes do Ministério Público, junto com agentes do Judiciário e da imprensa para transformar esse assunto do grampo na principal marca do governo Pedro Taques. Não vai acontecer, porque não é verdade”, ponderou o secretário, descartando a participação do governador no esquema.
Mudança de discurso
Kleber também foi questionado sobre a mudança de discurso do governador Pedro Taques – que já chegou a afirmar que não falava com reeducandos, ao rebater críticas do ex-governador Silval Barbosa – que agora defende os secretários que se encontram presos preventivamente, além de seu primo e advogado, o ex-secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques.
Em resposta, o secretário afirmou que Pedro Taques nunca mudou seu discurso e ressaltou que, por enquanto, todas as prisões referentes ao caso dos grampos são preventivas e que ainda não há nenhuma pessoa condenada pelo crime.
‘Estranheza’
Continuando a comentar o caso dos grampos telefônicos, o secretário ainda mencionou o ex-secretário de Segurança Pública, promotor Mauro Zaque, que denunciou o caso. Para Lima, é estranho que o então secretário tenha protocolado duas denúncias consecutivas.
“Ele já havia feito o protocolo de uma primeira denúncia por orientação do governador em mãos na secretaria de governo que é nas mãos do secretário José Arlindo. Causa estranheza o fato de essa segunda denúncia ter percorrido um caminho diferente. Por quê?”, questionou Kleber, destacando que Zaque entregou a primeira denúncia diretamente a José Arlindo e a segunda, no protocolo do governo.
Logo após a denúncia, Pedro Taques representou contra Mauro Zaque na Corregedoria do Ministério Público, em Cuiabá, e no Conselho Nacional do Ministério Público, em Brasília. O governador quer que a atuação de Zaque, que também é promotor de Justiça, seja apurada. Como argumento, Taques questionou o por quê de o promotor levar um ano e três meses para tomar providências.
Sem impacto
Logo que a entrevista começou, Kleber Lima questionou sobre o impacto que o caso dos grampos telefônicos tem na vida da sociedade civil. Para ele, afirmando que não pretendia minimizar o crime, a consequência deste crime na vida das pessoas não é percebida.
Existe a suspeita de que os grampos tenham sido utilizados a favor da campanha eleitoral de 2014, quando o governador foi eleito. Segundo as informações – ainda não confirmadas –, os adversários de Pedro Taques tiveram seus telefones interceptados, o que daria vantagem à Taques na disputa.
Caso a informação se confirme, será a prova de que não apenas as pessoas interceptadas foram impactadas, mas toda a sociedade mato-grossense, cujo comando do Estado, poderia – talvez, estar em outras mãos.