Diante da possibilidade de hospitais filantrópicos fecharem as portas por conta de dificuldades financeiras enfrentadas pela decisão do Estado de não efetuar mais repasses, o governador Pedro Taques (PSDB) reagiu e cobrou transparência no dinheiro público que é aplicado nestas instituições.
A declaração foi dada na manhã desta quarta-feira (16) durante inauguração da Delegacia da Mulher, Criança e Idoso em Várzea Grande.
“Reconhecemos a importância dos hospitais filantrópicos que são conduzidos por pessoas sérias. Mas desejamos que abram a planilha para saber quanto se está gastando ali”, declarou.
Questionado se tem conhecimento de indícios de irregularidades do dinheiro público na gestão das unidades, Taques preferiu não comentar alegando que não tem conhecimento dos gastos feitos pelos hospitais filantrópicos com o dinheiro público e prometeu agir em diálogo com o Legislativo em busca da solução deste impasse.
“Não posso prejulgar sem conhecer a planilha, por isso que quero conhecer os números. Vamos chamá-los novamente para uma conversa, junto com o presidente da Assembleia, Eduardo Botelho. O Estado de Mato Grosso não ficará fora desse debate”, concluiu.
A Federação das Santas Casas, Hospitais e Entidades Filantrópicas (Fehos-MT) alegam oficialmente que as dificuldades financeiras que impedem uma melhor prestação de serviços se dá por conta da defasagem da tabela adotada pelo SUS (Sistema Único de Saúde), tida como referência para o pagamento destinado as instituições e dos constantes atrasos nos repasses dos valores de custeio e incentivo feitos pelo Estado.
Esses hospitais que servem de auxílio a população, principalmente de Cuiabá e Várzea Grande, afirmam ainda que o custeio da saúde pública é um serviço essencial. Por isso, deve ser custeado pelos governos federal, estadual e municipal.
Taques classificou os dados apresentados como ameaça e uma forma de pressionar o governo do Estado a prosseguir com os pagamentos que, de acordo com sua avaliação, não tem previsão legal e, portanto, não é uma obrigação do Executivo estadual.
“Os hospitais filantrópicos estão ameaçando fechar as portas. Com ameaça nós não trabalhamos. O que eu não aceito é pressão. Não trabalho sob pressão”, disse.
Em seguida, o governador ressaltou que o Executivo não tem a obrigação de realizar repasses aos filantrópicos.
Taques citou a existência de acordo com essas unidades para socorrê-las temporariamente e que foi devidamente cumprido.
“Temos cinco filantrópicos no Estado. Não cabe ao Governo do Estado bancar hospital filantrópico, não está na lei. Agora, apesar disso, fizemos um acordo com eles. Durante três meses, desembolsamos R$ 3,5 milhões por mês para os filantrópicos”, disse.
“Mas vejam: nós ajudamos os filantrópicos e faltou dinheiro para os regionais. Ainda assim, já estamos em dia, em 2017, com os repasses para os regionais. Estamos saldando nossos compromissos. Agora, não podemos, neste momento, ajudar os hospitais filantrópicos da maneira que eles desejam.”, completou Taques.