O presidente Michel Temer recebe nesta segunda-feira (21) em Brasília o presidente do Paraguai, Horacio Cartes. Em uma reunião no Palácio do Planalto, os dois chefes de estado devem discutir o combate ao crime organizado e a situação da Venezuela, segundo a Presidência.
Depois Cartes será homenageado em um almoço no Palácio do Itamaraty. Ele também passará pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Na área do combate ao crime organizado, os dois presidentes vão avaliar os resultados das recentes operações conjuntas entre os dois países, de acordo com o Palácio do Planalto. Eles também vão falar sobre estratégias para ações futuras. A fronteira com o Paraguai é considerada pelo governo um ponto estratégico na segurança pública.
O tema Venezuela vai ser tratado no contexto do Mercosul. Os países que integram o bloco decidiram suspender os direitos políticos da Venezuela sob a alegação de que o governo de Nicolás Maduro cometeu atos de “ruptura da ordem democrática”.
A Venezuela, que passa por uma severa crise econômica, política e social, já havia recebido uma sanção anterior do bloco, por não ter cumprido obrigações assumidas com o Mercosul.
Atualmente, o Brasil ocupa a presidência temporária do Mercosul, que ficará sob o comando do Paraguai a partir do primeiro semestre de 2018.
Relações econômicas
Ainda de acordo com a Presidência, a visita do presidente paraguaio vai servir também para discutir as relações econômicas bilaterais entre os dois países.
O Brasil é o primeiro mercado para os produtos paraguaios, segundo dados do governo. Nos últimos três anos, mais de 80 empresas brasileiras se instalaram no país, com investimento superior a US$ 200 milhões. O Paraguai abriga a segunda maior comunidade brasileira no exterior, com mais de 300 mil pessoas.
Em 2016 o intercâmbio bilateral entre os países alcançou US$ 3,4 bilhões. Nos sete primeiros meses de 2017, esse intercâmbio chegou a US$ 2,1 bilhões.
Perfil
Horacio Manuel Cartes Jara, 61 anos, foi eleito presidente do Paraguai em 2013. Empresário milionário e dirigente de futebol, ele surgiu como um personagem “fora da política” em seu país.
Filiado ao conservador Partido Colorado, Cartes sucedeu Federico Franco, que concluiu o mandato iniciado por Fernando Lugo. Na oportunidade, Lugo, ex-bispo católico de esquerda, encerrou seis décadas de hegemonia colorada, período que incluiu o governo Alfredo Stroessner (1954-1989).
Lugo foi destituído pelo Congresso em 2012 por suposto “mau desempenho”, decisão questionada internacionalmente e que causou a suspensão do Paraguai de organizações multilaterais, como o Mercosul. Com a posse de Cartes, o país retornou ao bloco sul-americano.
Recentemente, Cartes envolveu-se em polêmica sobre a tentativa de disputar um novo mandato presidencial para o período 2018-2023. Uma emenda que permitiria a reeleição foi aprovada no Senado durante votação surpresa. A medida gerou revolta de manifestantes, que invadiram o Congresso e incendiaram o prédio. Em abril, Cartes afirmou que não concorreria em 2018.