O senador da República José Aparecido dos Santos, o Cidinho (PR), é citado no acordo de colaboração premiada do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) em uma tentativa de obstrução à Justiça.
De acordo com o depoimento prestado a Procuradoria Geral da República, Silval Barbosa disse que o senador Cidinho foi até o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) para visitá-lo numa tentativa de convencê-lo a não firmar delação premiada, pois havia um plano montado nos bastidores conduzido pelo ex-governador e atual ministro da Agricultura, Blairo Maggi (PP), com o governador Pedro Taques (PSDB), para anular a Operação Ararath no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região.
A Operação Ararath que já atingiu 11 fases desvendou um amplo esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro nacional envolvendo autoridades de Mato Grosso.
O esquema movimentou ilegalmente até R$ 500 milhões e era liderado pelo ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes, condenado em duas sentenças a 81 anos de cadeia pela Justiça Federal de Mato Grosso.
A movimentação clandestina de dinheiro desviado dos cofres públicos servia para abastecer caixa 2 de campanha eleitoral, comprar sentença judicial, pagar propina a autoridades e até comprar uma vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
De acordo com Silval Barbosa, a conversa foi gravada no CCC após perceber que notícias divulgadas na imprensa alertando a possibilidade de firmar delação premiada estaria levando políticos a procurá-lo para manter conversas. Por conta disso, o ex-governador pediu a um de seus filhos um gravador de áudio. O senador Welington Fagundes (PR) também visitou o ex-governador na cadeia.
De acordo com a divulgação do jornal da Globo, o ex-governador registrou a conversa com Cidinho Santos. Nela, foi feita uma tentativa de demovê-lo a colaborar com as investigações diante da possibilidade das investigações serem travadas.
“Silval disse que após confirmar que pensava em confessar crimes, o senador disse que Blairo Maggi, Wellington Fagundes e o governador Pedro Taques o ajudariam. E que o grupo político estaria trabalhando para anular a operação Ararath, que apura um esquema de corrupção no Estado”, diz a reportagem que aponta a gravação da conversa entre Silval e Cidinho foi entregue a PGR.
Em meio à citação, o governador Pedro Taques (PSDB) divulgou a seguinte nota de esclarecimento:
O governador Pedro Taques vem a público reiterar que não tem nenhuma relação com os fatos noticiados pela imprensa acerca da delação do ex-governador Silval Barbosa. Pedro Taques reafirma que foi e é adversário político do grupo do ex-governador, não fez nem autorizou ninguém a fazer acordo de qualquer natureza com Silval Barbosa, e atribui a citação do seu nome na delação como uma tentativa rasteira e desonesta dos seus inimigos, movida por vingança, de envolvê-lo nesse escândalo monstruoso que envergonha Mato Grosso perante a Nação.
Pedro Taques afirma, ainda, que a atuação dos órgãos de controle do Governo do Estado (como CGE e PGE) – desde 01 de janeiro de 2015, primeiro dia de seu governo – foram fundamentais na elucidação dos crimes cometidos pelos gestores que o antecederam, contribuindo para levar à prisão o ex-governador, sua esposa e um de seus filhos, entre outros.
Cuiabá- MT, 25 de agosto de 2017.
GCOM – Secretaria do Gabinete de Comunicação do Governo do Estado de Mato Grosso