O grupo J&F, que administra a JBS Friboi, pagou dívidas de campanha eleitoral do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) avaliada em R$ 14 milhões em troca da concessão de incentivos fiscais pelo Estado em favor das unidades das empresas em Mato Grosso.
O pagamento foi autorizado pelo empresário Wesley Batista, que juntamente com seu irmão, o também empresário e sócio proprietário do grupo J&F, Joesley Batista, firmaram delação premiada na Operação Lava Jato da Polícia Federal e conseguiram o perdão de 2 mil anos de cadeia ao confessar crimes dos quais figuram como suspeitos os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, o senador da República Aécio Neves (PSDB) e o atual presidente da República Michel Temer (PMDB), além de outras autoridades da cúpula de Brasília.
A revelação da troca de favores em Mato Grosso foi feita pelo ex-governador Silval Barbosa (PMDB) no acordo de colaboração premiada firmado com a Procuradoria Geral da República (PGR) e já homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de agosto pelo ministro Luiz Fux.
De acordo com o depoimento, o ex-governador disse que precisava pagar uma dívida de R$ 40 milhões que o seu antecessor, o atual ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi (PP), tinha com o empresário do ramo de factorings, Valdir Piran.
Para honrar o compromisso financeiro, Silval Barbosa contraiu, em dezembro de 2010, um empréstimo de R$ 7 milhões com os operadores financeiros Francisco Carlos Ferres, “Chico Badotti”, e Valdecir Piran, vulgo “Kuki”, que cobravam juros de até 4,5% ao mês.
Em 2011, já devidamente diplomado como governador reeleito, Silval Barbosa participou de uma reunião com o empresário Wesley Batista, um dos sócio-proprietários do grupo J&F, na qual pediu auxílio financeiro. Batista se dispôs a pagar conceder R$ 14 milhões em troca de incentivos tributários em favor da JBS Friboi em Mato Grosso.
A partir daí, a Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), viabilizou estudos de de concessão de incentivos para a JBS em Mato Grosso. Naquele mesmo ano, o frigorífico os recebeu e passou a conceder propina em favor de Silval Barbosa recebida por meio de seus homens de confiança. “A partir dali começaram os retornos das propinas, cabendo a Pedro Nadaf, ex-secretário da Casa Civil, acompanhar os recebimentos”, disse.
O dinheiro liberado pela JBS permitiu o pagamento da dívida de R$ 7 milhões contraída em 2011, paga em sua integralidade no ano de 2012 no valor de R$ 10 milhões em razão da cobrança de juros.
“Pedro Nadaf era a pessoa responsável por coordenar essa operação com Wanderley. Pedro Nadaf combinou com Wesley Batista, também, receber R$ 4 milhões de reais em dinheiro na cidade do Rio de Janeiro, sendo que esse pagamento ocorreu em 2015”, revelou Silval.
Para receber dinheiro no Rio de Janeiro, a missão foi dada ao procurador aposentado do Estado, Francisco Gomes de Andrade Lima Filho, conhecido como Chico Lima.
Do dinheiro recebido no Rio de Janeiro, Chico Lima recebeu R$ 250 mil a título de comissão e entregou R$ 800 mil reais para Dalmi Fernandes Defanti, proprietário da gráfica Print para pagar despesas de campanha de 2014. Outros R$ 100 mil foram destinados a quitação de uma dívida com um posto de combustível em Matupá.
Parte desse valor, aproximadamente R$ 1.100.000,00, o colaborador utilizou para pagamento de várias despesas, sendo que o restante Pedro Nadaf foi até o Rio de Janeiro e pegou com Chico Lima, ficando com parte e usando o restante para pagamento de despesas.
A JBS ficou ainda devendo R$ 8 milhões de reais de propina que não foram pagos.