"> Tem um fuzil mirando você – CanalMT

Tem um fuzil mirando você

Indago sobre as causas da passividade das pessoas diante do terrível mal que assola o país, consubstanciado no ataque diário a direitos sociais e às riquezas do Brasil – aí incluído o petróleo e às florestas.

Após a manobra bem-sucedida de tomar de assalto a gestão do país, um grupo de homens brancos e de meia idade, tratado por setores do judiciário e da mídia corporativa como sujeitos singulares do coletivo “pessoas de bens”, com origens familiares na classe dominante, dão ao país o tratamento que dão aos seus negócios privados.

As pessoas a tudo veem, porque as notícias são públicas, mas não reagem, parece que há um sonambulismo coletivo a imobilizar a sociedade brasileira.

Pesquisei sobre o fenômeno do “sono” na obra de medicina legal de Croce Junior (Manual de Medicina Legal, 1998, p. 541) e vi que sono é “um estado fisiológico normal, periódico, caracterizado pela redução da atividade corporal, relaxamento natural dos órgãos dos sentidos e do tono muscular, postura horizontal e, muita vez, semi-sentada, e suspensão do estado consciente”.

Aprendi que mesmo durante o sono as pessoas realizam condutas, inclusive há o exemplo clássico do soldado adormecido que, ouvindo o toque de clarim anunciando a alvorada, supôs tratar de ataque de inimigo e disparou contra pessoas próximas.

Portanto a apatia do povo brasileiro não é provocada pelas substâncias neuroquímicas do sono, de modo que é necessário que busquemos as outras causas desta inércia.

Creio que a mídia corporativa provoca essa letargia popular e as vítimas não reagem aos ataques, isso já foi visito antes. Mas o Armagedon se aproxima. E não é aquele a que se refere Leonardo Boff como sendo o mítico ambiente em que se dará o confronto final entre Deus e os espíritos malignos, o Cristo e o Anti-Cristo conforme o texto bíblico inserido no livro do Apocalipse, 16:16 (Cuidar da terra, proteger a vida, como evitar o fim do mundo; Record, 2010, p. 47).

Digo o fim dos tempos provocado pela guerra de homens contra homens, a gente ainda não deu conta da enorme ameaça que paira sobre o continente sul americano.

Acompanhe o raciocínio.

Os EUA semearam a discórdia no seio da população do Vietnã, e durante os anos de 1959 a 1975 patrocinaram uma sangrenta guerra, com o uso pioneiro de helicóptero e armas químicas, lançadas contra a população civil, tendo por alvo criancinhas vietnamitas e plantações de alimentos.

Os ianques foram derrotados no Vietnã, mas destruíram um país e deixaram gerações de vítimas do veneno espalhado com o uso das aeronaves.

A pretexto de responder aos atentados de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos declaram “guerra contra o terror” e desferiram ataques a governos que a seu juízo representariam risco à paz mundial. Assim o presidente George W. Bush prega a intervenção no Iraque, onde o presidente Saddam Hussein, eleito pelo voto popular, seria detentor de um arsenal de armas químicas.

Mas antes investiram contra o desconhecido Afeganistão.

Relatório secreto do Pentágono e da “US Geological Survey” (USGS), o DNPM ianque, mostra que no Afeganistão existiriam muitas riquezas “previamente desconhecidas” e não utilizadas reservas minerais estimadas em $ 1 trilhão de dólares. Isso foi objeto de reportagem no conhecido jornal New York Times (“U.S. Identifies Vast Mineral Riches in Afghanistan”, 14 de junho de 2010 e BBC, 14 de junho de 2010).

Pode-se deduzir que Osama Bin Laden, aliadíssimo ianque, que seria morto na costa do Afeganistão, mas o corpo jamais mostrado e nenhum laudo cadavérico oficial atestando o óbito, pode ter sido mais uma “desculpa” para guerrear em busca do petróleo e outras riquezas minerais.

No Iraque, após bombardeios com armas moderníssimas e uma ocupação que durou cerca de 8 anos, as tropas dos EUA resolvem deixar o espaço e “devolver o território ao povo”.

A Águia assassina deixa o Iraque em 2012 e um rastro de 600 mil mortos, maioria mulheres e crianças indefesas residentes num país destruído. Não há governo e nem paz no Iraque atual, e nem mesmo os ianques utilizam o caminho que buscavam para transportar petróleo barato, por absoluta falta de segurança.

Então, resumindo. No Vietnã, no Afeganistão e no Iraque, mesmo depois de matar milhares de inocentes, os Estados Unidos não conseguem obter o petróleo barato.

Resta como opção dedicar atenção para o Mercosul, onde o petróleo da Venezuela e do Brasil, mais as riquezas do subsolo da Colômbia e o gás natural da Bolívia despontam como a melhor opção energética do mundo.  Jeferson Miola, ex secretário do Mercosul em Montevidéu (Uruguai), disse em 2012 (revista Carta Maior) que a união do Brasil e da Venezuela em torno do Mercosul cria a maior reserva de petróleo do mundo. São 310 bilhões de barris de petróleo, segundo a Opep.

O Mercosul é potência em territórios, são praticamente 17.840.000 km² (considerando todos os países do subcontinente sul americano) contra os   10.180.000 km² da União Europeia, tamanho que é ainda menor com a saída do Reino Unido.

E onde está o fuzil com mira a laser?

Bem, a Venezuela sempre foi um “protetorado” americano. Na maioria dos países do cone sul o esporte mais popular é o futebol. É só ver o Brasil, Paraguai, Argentina, Equador, Colômbia, Bolívia etc. Na condição de “quintal ianque”, os costumes e cultura venezuelanos eram impostos pelos Estados Unidos.

O esporte mais popular é o beisebol, a paixão nacional ditada pelos meios de comunicação atrelados aos negócios e interesses dos EUA.

Com a assunção de Hugo Chavez na presidência da Venezuela, e a decisão de distribuir a riqueza de petróleo com os empobrecidos e com isso diminuir o lucro dos EUA, foi destravado um processo de desestabilização que dura até hoje.

Em 2002 os cineastas irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain produziram o documentário “A Revolução Não Será Televisionada” e mostram como as informações dos meios de comunicação venezuelanos são atreladas aos interesses dos EUA. As intenções dos órgãos militares ianques viram manchetes e editoriais das emissoras de televisão sediadas na Venezuela.

Nesse documentário, produzido em momento de grande ebulição na Venezuela, é mostrado como a burguesia local é contra a distribuição de renda, e que reage batendo panelas após sucessivas derrotas eleitorais.

As entidades de empresários patrocinam golpes contra o governo, provocam desaparecimento de produtos das prateleiras dos supermercados e atacam a Democracia.

Se a Venezuela resistir aos ataques dos EUA, e resiste mesmo diante da recusa do sistema midiático em oferecer informações isentas, mentindo diariamente a favor dos espoliadores estadunidenses, o Mercosul sai fortalecido. Caso contrário o caos levará a Venezuela à guerra civil, e considerando que o ianque quer mesmo é petróleo e urânio, e essas “commodities” existem em abundância na Venezuela e no Brasil, é muito fácil prever o próximo alvo.

Antes de acreditar que a Venezuela vive um regime ditatorial, lembre-se que já mentiram para você antes, e o interesse foi simplesmente se apropriar de petróleo a baixo custo.

De fato, as armas que mantém a Venezuela na mira podem se virar contra você.

VILSON PEDRO NERY é advogado especialista em Direito Público em Cuiabá.


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