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Brasil em cacos

A expressão “é preciso juntar os cacos” nunca caiu tão bem a um país como neste momento cabe ao Brasil.

A divisão pregoada em discurso a partir de 2002 (nós contra eles), na prática, nasceu bem antes. Tínhamos, nos anos de 1970, o “ame ou deixe”.

Estes verbetes divisionistas nos acompanha desde o nascimento. Ante,s já tivemos outros arrombos desta natureza.

A própria independência do país se deu dentro do contexto do nós e eles, mas, “nunca antes na história” (frase consagrada pelo ex-presidente Lula), o país esteve dividido em tantos cacos como agora.

O principal fator está no excesso de privilégio concedido ao mal feito e ao malfeitor dado, sob a proteção das leis e formulações jurídicas burocratizadas e promovido com o dinheiro público em detrimento do fazer e agir do cidadão correto e trabalhador.

Aliás, a palavra trabalhador foi tomada de assalto por um único grupo, onde poucos realmente trabalham, mas se apropriaram dela como se fossem os únicos a produzirem alguma coisa nesta pátria Macunaíma (o herói sem caráter, de Mario de Andrade).

Quando o errado, o mal feito, o descalabro, o protagonista da desgraça, o bandido, o ladrão, o assassino e o vagabundo não são punidos ao rigor absoluto da lei, quem fica punido é o cidadão de bem.

E hoje no Brasil cidadão de bem se sente humilhado e execrado da proteção jurídica da pátria que é sustentada com seu suor.

Em nome do coitadismo imposto por governantes no país, o errado virou o certo e o certo é o errado.

As leis brasileiras são protecionistas da malandragem. E mesmo quando pega alguns dos malfeitores, prende e julga de tal forma que o resultado final é compensatório ao malfeitor e a vítima vira ré econômica e psicologicamente da causa

Policiais, os protetores da sociedade, são reféns das leis absurdas que temos para a hora de agir. Já os bandidos são protegidos pelas mesmas leis e em nome do coitadismo ainda contam com várias instituições de proteção que servem de ameaça ao aparato policial na hora do embate e criminaliza o cidadão honesto.

As políticas protecionistas brasileiras pagas com o dinheiro da classe produtiva, não priorizam o aprendizado, o conhecimento e nem o trabalho, mas unicamente o assistencialismo barato e eleitoreiro.

Robin Hood não existe, é lenda. Quem tira dos ricos para dar aos pobres um dia vai tirar dos pobres para enriquecer os seus.

Vide Lula na atualidade. Mas ele não é o único. Muitos e há muito tempo já é praticado e outros tantos continuam praticando por estas terras.

Não é mais só a política do “nós contra eles”. Hoje temos os que usufruem: elites econômicas, políticos de carreira sustentado a conchavos, empresários propineiros, funcionários públicos de altos salários, funcionários públicos de araque, sindicatos ideológicos, ongs ideológicas e de defesa de reservas econômicas.

Temos também os que se arrastam atrás das migalhas: os assistidos governamentais, os bajuladores do poder, os convictos que pobreza é destino, os tutelados pelo Estado, parte dos sindicalizados de resultado e os parasitas do Estado.

Para que estes sobrevivam, existe do outro lado os que produzem e sustentam tudo isso, escravos acorrentados nas leis tributárias e trabalhistas do país.

Trabalham de segunda a sábado, sempre mais de doze horas dia, pagam impostos, multas e juros e ainda são assaltados ou assassinados no trabalho, na casa, na rua, nas festas e pelo próprio Estado.

Juntar tudo isso, fazer destes pedaços uma nação e transformar este país em algo minimamente sério não será tarefa das mais fáceis. Mas precisamos começar. Repensar nossas atitudes será um bom inicio.

Afinal, como falou Winston Churchill, “todas as grandes coisas são simples. E muitas podem ser expressas numa só palavra: liberdade; justiça; honra; dever; piedade; esperança”.

JOÃO EDISOM DE SOUZA é analista político em Cuiabá.


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